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Beautiful Love, Wonderful Life korean drama review
Completed
Beautiful Love, Wonderful Life
0 people found this review helpful
by Jhonny_Santos
Oct 16, 2025
100 of 100 episodes seen
Completed
Overall 4.0
Story 4.0
Acting/Cast 4.0
Music 5.0
Rewatch Value 3.0
This review may contain spoilers

Beautiful Love, Wonderful Life: A vida, bela e imperfeita, mas mal contada

Há obras que prometem revelar a beleza escondida na vida comum e "Beautiful Love, Wonderful Life" tenta ser uma delas. Seu olhar é terno, mas sua execução é dispersa. O Dorama tenta ser uma reflexão sobre o perdão, o amor e a reconstrução pessoal, mas o faz em meio a um labirinto de episódios que giram sobre si mesmos sem realmente se aprofundar. O que poderia ser um drama tocante sobre humanidade torna-se, aos poucos, um exercício de paciência.

A narrativa se divide entre duas irmãs: Kim Seol Ah, que sacrificou o amor/ a família em nome da ascensão social/materialismo, e Kim Cheong Ah, que carrega a culpa/mentira e a doçura das almas que tentam se redimir. A ideia é clara, contrastar o material e o espiritual, o brilho e a sombra, a aparência e o real, a mentira e a verdade. No entanto, o roteiro se perde em círculos, retornando aos mesmos dilemas com pequenas variações, sem nunca atingi-los em profundidade. São 100 episódios que poderiam, com sobriedade e propósito, caber em menos episódios sem que se perdesse nada e talvez ganhasse tudo: densidade, ritmo e emoção genuína.

Os personagens secundários, que poderiam servir de espelho ou contraponto mais profundo, tornam-se apenas preenchimento de tempo, orbitando a trama sem função dramática real. São ecos do mesmo tema, mas sem substância; figuras que surgem e desaparecem, deixando mais ruído do que sentido. Essa falta de foco enfraquece a estrutura e impede que a reflexão moral - sobre culpa, perdão e amadurecimento - alcance força verdadeira.

O que o drama tenta comunicar é compreensível e até nobre: o perdão como redenção, a ideia de que a vida, com todas as suas falhas, ainda é digna de amor, de que não vale nada uma casa gigante, mas fria e há um ponto de inflexão que o roteiro bate, mas acaba ignorando: nem tudo precisa ser perdoado, nem todos os arrependimentos devem ser recompensados. O desfecho entre Seol Ah e Do Jin Woo trai o próprio ensinamento do Dorama. Se ele, que sempre teve tudo o que quis, tivesse perdido o amor dela para Moon Tae Rang, o homem simples e sincero, o drama teria transmitido uma lição muito mais valiosa: a de que o amadurecimento não garante a conquista, e que aceitar a perda é, por si só, a forma mais honesta de crescimento.

Da mesma forma, Kim Cheong Ah e Goo Joon Hwi mereciam um final menos apressado, mais simbólico — a promessa na França, anos depois, teria sido o encerramento natural de um arco construído sobre esperança e reconstrução. Em vez disso, a pressa em resolver tudo dilui o impacto emocional e banaliza a jornada de duas pessoas que mereciam um epílogo digno da delicadeza que viveram.

Ainda assim, há méritos que resistem. Há momentos sinceros de ternura. O subtexto na relação entre Kim Young Woong (o pai) e Kim Yeon Ah (a filha mais nova), que representam o materialismo e o culto à aparência, o retrato de uma geração que confunde valor com status. Essa crítica social é sutil, mas talvez seja o elemento mais lúcido do Dorama.

No fim, Beautiful Love, Wonderful Life é um dorama que queria falar sobre a beleza da vida, mas acabou se perdendo na tentativa de explicá-la demais. É longa onde deveria ser breve, rasa onde prometia ser profunda, e condescendente onde poderia ser honesta. Ainda assim, há ali uma centelha verdadeira, uma tentativa de encontrar luz nas pequenas dores humanas. É pena que essa luz se dissipe no excesso de moralismo e na falta de coragem de aceitar o inacabado.

Uma obra de bons momentos e intenções sinceras, mas mal estruturada, redundante e incapaz de sustentar o peso das próprias lições. Beautiful Love, Wonderful Life tinha tudo para ser uma reflexão tocante sobre o perdão, verdade e a simplicidade, mas preferiu o caminho seguro e, por isso, acabou esquecível.
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