Como mãe atípica atesto: é um dorama interessante mas pode melhorar
Acho muito válido a forma como a Coreia está dando voz à comunidade autista. Claro, precisa melhorar e muito, mas é um caminho inicial válido de conscientização sobre as pessoas autistas. Tenho um pouco de receio desse dorama ser um reforço de estereótipos juntamente com o “Tudo bem não ser normal”. Por exemplo a ideia de que pessoas autistas são “gênios” inatos, de que tem insights incríveis e que resolvem coisas muitos difíceis, o próprio título da série atesta isso. Mas é problemático, porque a verdade é que muitos autistas estão lutando diariamente para sobreviver, não tem tempo nem energia para serem “gênios”. Outro estereótipo é de que a pessoa autista se veste de forma chamativa, um erro super comum é achar que o autista se destaca na sociedade pelo seu comportamento ou modo de vestir, quando na realidade, e em especial, os de nível de suporte 1, são muito invisíveis, sabem mascarar, não é à toa que existe o cordão de identificação. Mais um erro é achar que autista nível de suporte 1 como a advogada deste dorama, que fala e socializa, que é extremamente funcional, trabalhando, comendo e se transportando sozinha, seria assim sem o auxílio de terapias. Muitos autistas podem ser assim, a despeito de todos os problemas de inclusão na sociedade, escolas e trabalhos, mas são pessoas que possuem muitas sequelas como TDAH, depressão, ansiedade generalizada e etc. Digamos que a advogada “extraordinária” é saudável demais para alguém que não teve tratamento, como é enfatizado na série e isso é problemático de ser comunicado. Mas, como eu disse, iniciar esse tema de alguma forma e colocando uma personagem autista no centro da trama é uma iniciativa que pode e deve ser levada para frente e lapidada com o tempo.
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