This review may contain spoilers
Entre o Castigo e o Apagamento: Um Final Menor para uma História Maior
Antes de entrar no mérito do drama, preciso registrar duas discordâncias fundamentais que, para mim, pesam bastante na avaliação final. O desfecho do webtoon é simplesmente superior ao do dorama. Mais coerente, mais cruel e infinitamente mais perturbador. No original, a queda de Baek Ah-jin é completa, não apenas profissional, mas moral e existencial. A fuga para Hong Kong, a revelação da gravidez, o reaparecimento anos depois por meio da filha e, sobretudo, o gesto final de usar essa criança como instrumento de punição psicológica contra Jun-seo compõem um encerramento devastador. Ali não há catarse, não há redenção, só a certeza de que certos vínculos nunca se rompem e que algumas pessoas transformam o trauma em arma permanente. O drama, ao optar por um acidente e um final mais etéreo, suaviza algo que, na essência, era para ser desconfortável até o último segundo.
Dito isso, discordo frontalmente da leitura de que o drama termina em aberto. Não termina. O castigo de Ah-jin está claro e é definitivo. Ela sobrevive, sim, mas perde aquilo que sempre foi o seu combustível: fama, poder, controle e visibilidade. O império que construiu rui de forma irreversível e ela desaparece no anonimato, condenada a existir sem plateia, sem narrativa pública e sem relevância social. Para alguém que viveu exclusivamente do olhar alheio, essa é a punição mais dura possível. Não há redenção, não há vitória silenciosa, apenas apagamento. É um fim menos sofisticado que o do webtoon, mas ainda assim um fim.
Quanto ao conjunto da obra, o saldo é positivo. O elenco inteiro atua em estado de precisão dramática, sem escorregões relevantes. Faço aqui um mea-culpa público: sempre considerei Kim Young-dae um canastrão profissional, mas neste drama ele me desmente com segurança e entrega uma performance sólida, contida e madura. Que siga por esse caminho. O roteiro, apesar das concessões no desfecho, funciona bem e mantém tensão emocional consistente. E Kim Yoo-jung simplesmente domina a narrativa. Se houver algum senso de justiça crítica, ela merece sair do Baeksang Arts Awards de 2026 com o prêmio principal nas mãos.
Dito isso, discordo frontalmente da leitura de que o drama termina em aberto. Não termina. O castigo de Ah-jin está claro e é definitivo. Ela sobrevive, sim, mas perde aquilo que sempre foi o seu combustível: fama, poder, controle e visibilidade. O império que construiu rui de forma irreversível e ela desaparece no anonimato, condenada a existir sem plateia, sem narrativa pública e sem relevância social. Para alguém que viveu exclusivamente do olhar alheio, essa é a punição mais dura possível. Não há redenção, não há vitória silenciosa, apenas apagamento. É um fim menos sofisticado que o do webtoon, mas ainda assim um fim.
Quanto ao conjunto da obra, o saldo é positivo. O elenco inteiro atua em estado de precisão dramática, sem escorregões relevantes. Faço aqui um mea-culpa público: sempre considerei Kim Young-dae um canastrão profissional, mas neste drama ele me desmente com segurança e entrega uma performance sólida, contida e madura. Que siga por esse caminho. O roteiro, apesar das concessões no desfecho, funciona bem e mantém tensão emocional consistente. E Kim Yoo-jung simplesmente domina a narrativa. Se houver algum senso de justiça crítica, ela merece sair do Baeksang Arts Awards de 2026 com o prêmio principal nas mãos.
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