This review may contain spoilers
Acolhimento e pertencimento...
Esse drama me fará contar uma breve (nem tanto) história para transmitir o quanto ele me tocou...
Lembro-me de que antes do falecimento da minha mãe havia uma regra de sempre jantarmos juntos, já que durante o dia meus pais administravam a empresa e não podiam nos dar atenção completa. Ela aproveitava estes momentos para fazer com que nos sentíssemos acolhidas e que pudéssemos conversar e rir em família, e às vezes elaborava o seu prato especial para que comêssemos sentadas no sofá assistindo novela. Aos finais de semana lembro de acordar com a sua música ecoando pela casa e ela de vestido na cozinha preparando o almoço e as vezes, da casa cheia dos amigos dos meus pais quando ela preparava a sua famosa feijoada. Então, tudo mudou, toda aquela cor e calor se quebrou com o seu falecimento repentino. Tentamos manter sua tradição viva no Natal que estava para chegar, mas nos anos seguintes não foi possível. Para então cada uma ir para um lado, eu, menor de idade, não tive alternativa, a mesa que era repleta de vida se tornou fria e vazia. Quando entrei na faculdade a mesa de jantar era o refeitório do campus. 8 anos depois, a mesa de jantar ganhou cor e foi preenchida, mas alguns anos se passaram e o silêncio voltou e há apenas um prato sob a mesa.
Então quando eu li o nome do drama e sua sinopse, já me veio aquela tempestade de sentimentos mistos, essa dualidade, a fragilidade da vida, e em cada episódio me ver fazer conexões e até mesmo sentir o drama para muito além do romance, o que quase sempre é o objetivo de um BL japonês, ao meu ver.
O personagem mirim Tane é a peça de união desta mesa de jantar. Ele conecta e desperta em Yutaka o seu eu da infância, da sala de jantar fria e nada acolhedora, enquanto o cura juntamente de seu irmão Minoru, que enfrenta suas próprias batalhas.
A perda da mãe, a mudança da rotina de estudar para ter que ajudar em casa e o seu senso de responsabilidade (digamos assim) para com o Tane. E o não acolhimento de pessoas que conviviam com ele perante sua vontade em fazer isso também.
Há um conflito, é óbvio que ele pode se sentir dividido, mas Yutaka, diferente dos outros, o elogia, acolhe e alivia a carga que lhe pesava ao voltar a sua atenção e afeto ao Tane.
O pai, Ueda, é uma pena que não tenha tanto tempo em tela, mas isso é para refletir o quanto ele também trabalha para que possam sobreviver, mas nas cenas cruciais de conflito interno, tanto do filho, quanto do Yutaka, suas falas são certeiras, acolhendo, mas ao mesmo tempo os fazem enxergar e agir.
Já Yutaka, com toda a sua solidão, sentimento de rejeição e falta de pertencimento, finalmente encontra o seu lar.
Minoru & Yutaka são opostos. Yutaka não teve e encontrou. Minoru teve e perdeu (para então reencontrar)...
Eu acho muito bonito quando alguém é capaz de curar a dor (que nem causou) da outra pessoa.
Lembro-me de que antes do falecimento da minha mãe havia uma regra de sempre jantarmos juntos, já que durante o dia meus pais administravam a empresa e não podiam nos dar atenção completa. Ela aproveitava estes momentos para fazer com que nos sentíssemos acolhidas e que pudéssemos conversar e rir em família, e às vezes elaborava o seu prato especial para que comêssemos sentadas no sofá assistindo novela. Aos finais de semana lembro de acordar com a sua música ecoando pela casa e ela de vestido na cozinha preparando o almoço e as vezes, da casa cheia dos amigos dos meus pais quando ela preparava a sua famosa feijoada. Então, tudo mudou, toda aquela cor e calor se quebrou com o seu falecimento repentino. Tentamos manter sua tradição viva no Natal que estava para chegar, mas nos anos seguintes não foi possível. Para então cada uma ir para um lado, eu, menor de idade, não tive alternativa, a mesa que era repleta de vida se tornou fria e vazia. Quando entrei na faculdade a mesa de jantar era o refeitório do campus. 8 anos depois, a mesa de jantar ganhou cor e foi preenchida, mas alguns anos se passaram e o silêncio voltou e há apenas um prato sob a mesa.
Então quando eu li o nome do drama e sua sinopse, já me veio aquela tempestade de sentimentos mistos, essa dualidade, a fragilidade da vida, e em cada episódio me ver fazer conexões e até mesmo sentir o drama para muito além do romance, o que quase sempre é o objetivo de um BL japonês, ao meu ver.
O personagem mirim Tane é a peça de união desta mesa de jantar. Ele conecta e desperta em Yutaka o seu eu da infância, da sala de jantar fria e nada acolhedora, enquanto o cura juntamente de seu irmão Minoru, que enfrenta suas próprias batalhas.
A perda da mãe, a mudança da rotina de estudar para ter que ajudar em casa e o seu senso de responsabilidade (digamos assim) para com o Tane. E o não acolhimento de pessoas que conviviam com ele perante sua vontade em fazer isso também.
Há um conflito, é óbvio que ele pode se sentir dividido, mas Yutaka, diferente dos outros, o elogia, acolhe e alivia a carga que lhe pesava ao voltar a sua atenção e afeto ao Tane.
O pai, Ueda, é uma pena que não tenha tanto tempo em tela, mas isso é para refletir o quanto ele também trabalha para que possam sobreviver, mas nas cenas cruciais de conflito interno, tanto do filho, quanto do Yutaka, suas falas são certeiras, acolhendo, mas ao mesmo tempo os fazem enxergar e agir.
Já Yutaka, com toda a sua solidão, sentimento de rejeição e falta de pertencimento, finalmente encontra o seu lar.
Minoru & Yutaka são opostos. Yutaka não teve e encontrou. Minoru teve e perdeu (para então reencontrar)...
Eu acho muito bonito quando alguém é capaz de curar a dor (que nem causou) da outra pessoa.
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