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Bom
Esse filme foi realmente interessante de acompanhar, é bem feito e me entreteve.Ainda assim, achei desnecessariamente longo. Presumi que as mais de duas horas de duração seriam usadas para desenvolver melhor o personagem ou o drama dele, mas o que temos é basicamente um filme sobre o julgamento, quase todo passado dentro de um tribunal. Isso não é ruim em si, mas poderia ter sido melhor explorado.
Além disso, o filme carrega uma trama conceitualmente perigosa. Percebi pelas reviews e comentários que muitos homens deturparam completamente a mensagem do filme, interpretando-o como uma crítica às “acusações falsas” feitas por mulheres contra homens inocentes, quando na verdade o que o filme mostra de forma bastante clara é como o sistema judiciário japonês é falho, como juízes e promotores ficam limitados às provas disponíveis e como tribunais não existem para estabelecer a verdade absoluta, mas para julgar com base no que é apresentado processualmente. Isso pode resultar tanto na absolvição de um culpado quanto na condenação de um inocente.
O perigo dessa abordagem está justamente aí: ela abre margem para reforçar o discurso ultrapassado de que não se deve confiar na palavra da vítima. E sabemos que assédio é uma das coisas mais difíceis de se comprovar judicialmente, e que a palavra da vítima ainda hoje é constantemente invalidada, apesar de ser algo que nós, mulheres, temos conquistado aos poucos dentro do sistema jurídico.
No geral, achei um bom filme, mas senti falta de mostrar melhor o peso emocional e psicológico daquele processo sobre o protagonista. Faltou drama. A narrativa acabou ficando excessivamente jurídica, quase como assistir a um julgamento de fora, de alguém que eu não conheço e sobre quem não sei nada além do que a defesa e a acusação estão alegando.
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