MiltonGomesQueiroz

Chegamos ao final dessa série polêmica, sensível e contemporânea. Foi uma jornada interessante acompanhar Young e seus erros e acertos relacionados a sua vida, amor e relacionamentos. Esse final solidificou o meu ranço por Young, ao mostrar vários momentos dele com GyuHo, além de outros lados da história que acompanhamos quando os dois viajaram pra Bangkok. Ficou claro que foi um final de arrependimentos e constatações dos erros cometidos. A fuga que ele fez com Habibi pro msm país que ele foi com GyuHo, só serviu pra lembrá-lo mais daquilo que ele não valorizou e perdeu. E sinceramente não me emocionou, pq era o curso natural do que ia acontecer com ele uma hora ou outra, ele ia começar a enxergar o quão preciosa era a relação dele com GyuHo, o quão especial era o GyuHo, mas seria muito tarde pra todas essas constatações e sabedoria. Até pq, apesar de toda teoria que ele mostrou ter aprendido e percebido com as experiências dele no final, não vimos essa "maturidade" na prática. GyuHo foi um anjo na vida de Young, o qual ele não soube valorizar e talvez não tenha uma segunda chance de encontrar alguém assim de novo. Habibi mostrou mais um exemplo de um relacionamento infeliz, ao mostrar que ele mantinha uma vida dupla, e que nem o dinheiro foi capaz de ajudá-lo encontrar a felicidade. E finalizamos com a promessa de uma mudança de vida e a esperança de uma nova maturidade emocional de Young em meio aos seus amigos inseparáveis. Olha, vou ser bem sincero na minha opinião sobre essa série, não quero criar polêmicas ou desfazer a magia de quem amou essa obra. Essa série pra mim foi somente boa, nada tão grandioso ou que me tocou tão profundamente ou que me fez rever meus valores. Digo isso pq primeiramente, isso não pode ser classificado como BL, apesar de abordar relacionamentos entre homens, os temas, o teor dos diálogos e a maturidade da narrativa se assemelha mais a uma obra LGBTQIAPN+. Por ser uma obra desse gênero e eu ser um consumidor assíduo de séries e filmes do msm gênero, tudo o que assisti ou os temas abordados, não foram nenhuma novidade ou algo que eu nunca vi antes. Achei super essencial e necessária essa abordagem sobre os relacionamentos atuais, sobre sexo. sobre HIV e o comportamento humano. E acho que o hype dessa série foi primeiramente por ser uma série coreana, algo que pro país é uma quebra de padrões absurda, o ator principal ser um ator de doramas e o nicho de público que essa série atingiu, era um público consumidor de obras asiáticas, mas que na sua grande maioria não consumia conteúdos LGBTQIAPN+. Então no meu ponto de vista, esse foi o motivo de tanto alvoroço em cima dessa série. Resumindo, gostei muito de assistir, Nam Yoon Soo é um excelente ator e não é à toa que adquiri ranço de Young, fotografia impecável e direção e enredo coesos. Minha nota vai ser um 8 pela sensibilidade e delicadeza ao abordar certos temas, mas nada que me surpreendeu ou tive um brilho diferente no meu olhar. Uma última observação sobre esse episódio final: teve uma cena que o Young compra o Prep numa farmácia na Tailândia, não sei se percebi errado, mas deu pra se notar que Young não fazia o tratamento normal de HIV, se não, ele estaria indetectável (que não transmite) e não teria essa dor de cabeça ou preocupação de transar sem camisinha com GyuHo (claro que isso não quer dizer que é certo, independentemente de ser indetectável ou não, camisinha se faz necessária sempre, mas estou falando no contexto da série). Nesse momento eu só lembrei da frase VIVA O SUS, pq no Brasil o tratamento de HIV, tanto Prep e Pep são totalmente gratuitos. Então é compreensível a dificuldade no tratamento de Young, pois esses medicamentos para o tratamento são muito caros nesses países e nem sempre são de fácil acesso.