Muito tocante
Poucas coisas me encantam tanto quanto ser surpreendida por um drama, e Nagareboshi foi exatamente isso.
Encontrei esse título por acaso, sem procurar nada específico, e decidi assistir sem nem ler a sinopse. Não conhecia os atores, tampouco a produção. Fui no escuro, e o resultado? Estou maravilhada.
A trama é delicada e profunda, com aquela sensibilidade única dos dramas slice of life japoneses dos anos 90/2000. A história gira em torno de um homem que, desesperado por não conseguir um doador compatível para sua irmã mais nova, conhece uma jovem prostituta e lhe propõe dinheiro e casamento em troca da doação de parte de seu fígado (é necessário pertencer à família para ser um doador). No Japão, esse tipo de acordo configura crime, já que envolve a compra de um órgão — algo feito justamente para coibir o tráfico. E o drama trata desse tema com um cuidado e uma sutileza tocantes.
Mas vai muito além disso. Nagareboshi fala sobre a doação de órgãos, famílias disfuncionais, os danos profundos da indústria do sexo, e sobre encontrar pertencimento.
A protagonista, uma mulher que nunca teve um lar de verdade, aos poucos passa a conviver com uma família e a sentir, pela primeira vez, o que é ter um lugar no mundo. É tudo tratado com extrema delicadeza, com um realismo suave e sincero, tão característico do slice of life.
O que mais me encantou foi como o drama trabalha com contrastes. Se o protagonista tem uma relação linda e saudável com a irmã, a protagonista vive um vínculo tóxico e perturbador com o irmão mais velho. Enquanto a irmã do protagonista tem a sorte de encontrar um doador, um garoto que ela conhece no hospital não tem o mesmo destino. Ele vive satisfeito com seu trabalho em um aquário, ela vive infeliz sendo forçada à prostituição.
Tudo funciona em pares opostos, e esse espelhamento constante faz o espectador refletir, comparar, sentir. Há sempre um contraste que provoca uma dorzinha no peito, e o roteiro faz isso com maestria.
Se há um ponto que me impediu de dar nota máxima, foi o antagonista (o irmão da protagonista). É um personagem confuso, mal desenvolvido. Não consegui entender suas motivações: ora parece que quer se aproveitar da irmã, ora que é obcecado por ela, ora que só está ali por conveniência. Ele funciona como contraste, sim, mas sua construção foi inconsistente, e sua trajetória, incoerente. Uma pena, porque é o único elo fraco numa trama tão bem conduzida.
De resto, tudo me agradou profundamente. A trilha sonora é linda, a fotografia é um deleite visual, e o elenco encaixou perfeitamente nos papéis.
Os dois protagonistas me conquistaram. Ele é calmo, introspectivo, protetor. Ela é ríspida, marcada por traumas, mas ao mesmo tempo indefesa e apaixonante. É lindo ver o afeto florescendo entre eles, não de forma explosiva ou idealizada, mas no cotidiano, nos silêncios, nas trocas pequenas, nos gestos de cuidado. O romance é construído com tempo, espaço e humanidade. Você sente o que eles sentem.
Nagareboshi é sobre reencontros com a vida, sobre dignidade, sobre se permitir amar e ser amado. Um drama que aquece, machuca e emociona. Eu amei, tá? Recomendo muito!
Encontrei esse título por acaso, sem procurar nada específico, e decidi assistir sem nem ler a sinopse. Não conhecia os atores, tampouco a produção. Fui no escuro, e o resultado? Estou maravilhada.
A trama é delicada e profunda, com aquela sensibilidade única dos dramas slice of life japoneses dos anos 90/2000. A história gira em torno de um homem que, desesperado por não conseguir um doador compatível para sua irmã mais nova, conhece uma jovem prostituta e lhe propõe dinheiro e casamento em troca da doação de parte de seu fígado (é necessário pertencer à família para ser um doador). No Japão, esse tipo de acordo configura crime, já que envolve a compra de um órgão — algo feito justamente para coibir o tráfico. E o drama trata desse tema com um cuidado e uma sutileza tocantes.
Mas vai muito além disso. Nagareboshi fala sobre a doação de órgãos, famílias disfuncionais, os danos profundos da indústria do sexo, e sobre encontrar pertencimento.
A protagonista, uma mulher que nunca teve um lar de verdade, aos poucos passa a conviver com uma família e a sentir, pela primeira vez, o que é ter um lugar no mundo. É tudo tratado com extrema delicadeza, com um realismo suave e sincero, tão característico do slice of life.
O que mais me encantou foi como o drama trabalha com contrastes. Se o protagonista tem uma relação linda e saudável com a irmã, a protagonista vive um vínculo tóxico e perturbador com o irmão mais velho. Enquanto a irmã do protagonista tem a sorte de encontrar um doador, um garoto que ela conhece no hospital não tem o mesmo destino. Ele vive satisfeito com seu trabalho em um aquário, ela vive infeliz sendo forçada à prostituição.
Tudo funciona em pares opostos, e esse espelhamento constante faz o espectador refletir, comparar, sentir. Há sempre um contraste que provoca uma dorzinha no peito, e o roteiro faz isso com maestria.
Se há um ponto que me impediu de dar nota máxima, foi o antagonista (o irmão da protagonista). É um personagem confuso, mal desenvolvido. Não consegui entender suas motivações: ora parece que quer se aproveitar da irmã, ora que é obcecado por ela, ora que só está ali por conveniência. Ele funciona como contraste, sim, mas sua construção foi inconsistente, e sua trajetória, incoerente. Uma pena, porque é o único elo fraco numa trama tão bem conduzida.
De resto, tudo me agradou profundamente. A trilha sonora é linda, a fotografia é um deleite visual, e o elenco encaixou perfeitamente nos papéis.
Os dois protagonistas me conquistaram. Ele é calmo, introspectivo, protetor. Ela é ríspida, marcada por traumas, mas ao mesmo tempo indefesa e apaixonante. É lindo ver o afeto florescendo entre eles, não de forma explosiva ou idealizada, mas no cotidiano, nos silêncios, nas trocas pequenas, nos gestos de cuidado. O romance é construído com tempo, espaço e humanidade. Você sente o que eles sentem.
Nagareboshi é sobre reencontros com a vida, sobre dignidade, sobre se permitir amar e ser amado. Um drama que aquece, machuca e emociona. Eu amei, tá? Recomendo muito!
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