Japão sendo Japão
Resolvi assistir à famigerada bomba Love and Fortune para entender se ela realmente merece a péssima reputação que carrega.
E, infelizmente, tenho que concordar: merece sim.
Gosto de ver esse tipo de produção polêmica para formar minha própria opinião. Afinal, todos temos nossos guilty pleasures, e gosto pessoal nem sempre anda de mãos dadas com qualidade técnica. Não sou crítica profissional, então minha análise parte mesmo de como a história me afeta. E, nesse caso, me afetou de forma bem negativa.
Quando assisto algo com age gap, costumo me perguntar duas coisas: 1) essa diferença de idade é essencial para a narrativa? e 2) os personagens precisavam mesmo ter essas idades específicas?
Pego Lolita como exemplo. Ali, a diferença extrema de idade é o pilar central da história; sem ela, a trama simplesmente não existiria. A menina precisava ter 12 anos, o homem, ser muito mais velho. A crítica se sustenta exatamente nesse abismo entre eles.
Agora, em Love and Fortune, o menino precisava mesmo ter 15 anos enquanto ela tinha 31? Isso muda algo estrutural na trama? A resposta, pra mim, é não. Se ele tivesse 17, quase 18, ainda seria um relacionamento ilegal no Japão e ainda levantaria os mesmos dilemas éticos.
Quando uma escolha narrativa parece existir apenas para causar choque, sem aprofundamento nem propósito real, soa gratuita e, nesse caso, completamente irresponsável.
O que mais me incomodou foi a naturalidade com que a protagonista lida com a idade dele. Ela vê que ele tem 15 anos e em nenhum momento questiona suas atitudes, não hesita, não reflete sobre as implicações éticas e morais de se envolver romanticamente com um adolescente. Pelo contrário: ela se aproveita claramente de sua posição de superioridade e da vulnerabilidade dele. É um menino tímido, sem amigos, inseguro, e ela, uma mulher adulta, projeta nele seus desejos e frustrações. Foi impossível não ver isso como uma relação abusiva. Mesmo que o roteiro tente suavizar a situação com a ideia de “consentimento”, até que ponto um garoto de 15 anos tem maturidade emocional para consentir plenamente nesse contexto?
A trama até tenta, de forma superficial, abordar os dilemas de mulheres na casa dos 30: a pressão social para casar, ter filhos, manter uma carreira. Mas a abordagem é rasa e pouco convincente. O único ponto em que o roteiro realmente acerta é ao mostrar o desgaste da rotina em um relacionamento. A protagonista está infeliz no trabalho, no namoro, e ao invés de enfrentar isso com diálogo ou autoconhecimento, ela simplesmente trai. Mas nem essa traição é tratada com densidade. Ela não conversa com o namorado, não confronta os próprios sentimentos. É apática, desconectada, quase infantil. Uma mulher de 31 anos que se comporta como uma adolescente perdida, sem qualquer senso de responsabilidade sobre seus atos.
Esperei até o fim por alguma consequência, redenção ou ao menos uma reflexão mais profunda. Mas não veio. No lugar disso, vemos ela destruindo emocionalmente um garoto que ela mal conhecia, alimentando todas as inseguranças dele até o ponto de ruptura: ele abandona a escola, se torna paranoico, inseguro, ciumento. Mas, sinceramente, como julgá-lo? Ele é só um menino.
O drama me deixou com um gosto amargo. A mensagem que passa é torta, mal elaborada, e o desenvolvimento dos personagens não convence. A única coisa que posso elogiar, com sinceridade, é a fotografia. Realmente muito bonita e bem cuidada. Mas isso não foi suficiente para salvar a experiência.
No fim, achei o drama fraco, entediante na maior parte do tempo, com poucos momentos realmente bons. Não recomendo.
E, infelizmente, tenho que concordar: merece sim.
Gosto de ver esse tipo de produção polêmica para formar minha própria opinião. Afinal, todos temos nossos guilty pleasures, e gosto pessoal nem sempre anda de mãos dadas com qualidade técnica. Não sou crítica profissional, então minha análise parte mesmo de como a história me afeta. E, nesse caso, me afetou de forma bem negativa.
Quando assisto algo com age gap, costumo me perguntar duas coisas: 1) essa diferença de idade é essencial para a narrativa? e 2) os personagens precisavam mesmo ter essas idades específicas?
Pego Lolita como exemplo. Ali, a diferença extrema de idade é o pilar central da história; sem ela, a trama simplesmente não existiria. A menina precisava ter 12 anos, o homem, ser muito mais velho. A crítica se sustenta exatamente nesse abismo entre eles.
Agora, em Love and Fortune, o menino precisava mesmo ter 15 anos enquanto ela tinha 31? Isso muda algo estrutural na trama? A resposta, pra mim, é não. Se ele tivesse 17, quase 18, ainda seria um relacionamento ilegal no Japão e ainda levantaria os mesmos dilemas éticos.
Quando uma escolha narrativa parece existir apenas para causar choque, sem aprofundamento nem propósito real, soa gratuita e, nesse caso, completamente irresponsável.
O que mais me incomodou foi a naturalidade com que a protagonista lida com a idade dele. Ela vê que ele tem 15 anos e em nenhum momento questiona suas atitudes, não hesita, não reflete sobre as implicações éticas e morais de se envolver romanticamente com um adolescente. Pelo contrário: ela se aproveita claramente de sua posição de superioridade e da vulnerabilidade dele. É um menino tímido, sem amigos, inseguro, e ela, uma mulher adulta, projeta nele seus desejos e frustrações. Foi impossível não ver isso como uma relação abusiva. Mesmo que o roteiro tente suavizar a situação com a ideia de “consentimento”, até que ponto um garoto de 15 anos tem maturidade emocional para consentir plenamente nesse contexto?
A trama até tenta, de forma superficial, abordar os dilemas de mulheres na casa dos 30: a pressão social para casar, ter filhos, manter uma carreira. Mas a abordagem é rasa e pouco convincente. O único ponto em que o roteiro realmente acerta é ao mostrar o desgaste da rotina em um relacionamento. A protagonista está infeliz no trabalho, no namoro, e ao invés de enfrentar isso com diálogo ou autoconhecimento, ela simplesmente trai. Mas nem essa traição é tratada com densidade. Ela não conversa com o namorado, não confronta os próprios sentimentos. É apática, desconectada, quase infantil. Uma mulher de 31 anos que se comporta como uma adolescente perdida, sem qualquer senso de responsabilidade sobre seus atos.
Esperei até o fim por alguma consequência, redenção ou ao menos uma reflexão mais profunda. Mas não veio. No lugar disso, vemos ela destruindo emocionalmente um garoto que ela mal conhecia, alimentando todas as inseguranças dele até o ponto de ruptura: ele abandona a escola, se torna paranoico, inseguro, ciumento. Mas, sinceramente, como julgá-lo? Ele é só um menino.
O drama me deixou com um gosto amargo. A mensagem que passa é torta, mal elaborada, e o desenvolvimento dos personagens não convence. A única coisa que posso elogiar, com sinceridade, é a fotografia. Realmente muito bonita e bem cuidada. Mas isso não foi suficiente para salvar a experiência.
No fim, achei o drama fraco, entediante na maior parte do tempo, com poucos momentos realmente bons. Não recomendo.
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