This review may contain spoilers
Impactante
Enrolei muito para começar esse filme, justamente por conta de sua fama como um dos melhores thrillers da Coreia do Sul. De fato concordo: é realmente muito bom. Ainda assim, acho que ele peca em alguns pontos, e por isso minha nota final fica em 8/10.
Extremamente bem filmado, com uma fotografia imersiva e uma direção que transforma todas as cenas de violência em experiências agonizantes e perturbadoras, I Saw the Devil me surpreendeu. A violência não é gratuita: as sequências longas, com poucos ou nenhum corte, criam uma tensão absurda, te deixando angustiado e com vontade de desviar o olhar.
O vilão, interpretado magistralmente, não busca ser carismático: ele é grotesco, cruel, quase um animal. Na primeira metade do filme, achei que ele fosse o “diabo” do título, enquanto o protagonista seria apenas alguém que o “viu”, um homem em busca de vingança pela morte brutal da noiva.
O vilão é um serial killer incontrolável, com sede de sangue, um maníaco sexual que escolhe como alvos mulheres bonitas e vulneráveis, embora também não hesite em matar qualquer homem que atrapalhe sua caçada. A direção acerta muito ao não romantizar essa figura. Por mais que o ator tenha carisma, o personagem não tem nada. E que atuação incrível, ele simplesmente se transforma, e não falo de maquiagem, mas de presença, de entrega.
Do outro lado, o protagonista — que inicialmente parece o "mocinho" clássico — me surpreendeu ainda mais. No começo, imaginei que seria o típico filme de vingança: um herói que persegue o vilão até matá-lo. Mas a segunda metade desconstrói totalmente essa expectativa. O vingador não quer apenas matar, ele quer transformar o vilão em sua presa, num jogo de caça cruel e psicológico. Ele o pega, tortura… e solta. Pega de novo, tortura… e solta. Vai quebrando o vilão física e mentalmente, criando nele o mesmo terror que causou às vítimas. A sombra da vingança o domina de tal forma que é possível sentir que ele está gostando desse jogo. Quem antes era apenas alguém que “viu o diabo”, acaba se transformando no próprio “diabo” aos olhos do vilão.
A mensagem do filme sobre vingança é poderosa, ela nunca traz vitória, apenas mais destruição. O vingador já havia perdido tudo no momento em que perdeu sua noiva, e o vilão nunca deixa que ele esqueça disso.
O filme é cru, violento, sombrio. Me peguei várias vezes tampando a boca, seja por susto, seja por incredulidade. Particularmente, achei a segunda metade muito superior à primeira (como se houvesse uma conversão do thriller em thriller psicológico), embora a direção fosse impecável do começo ao fim, potencializada ainda mais por uma trilha sonora precisa, que intensifica cada cena.
Mas nem tudo funcionou para mim. Duas coisas me incomodaram bastante.
A primeira foi aquela cena forçadíssima na reta final: a polícia inexplicavelmente enrolando para prender o serial killer, dando tempo para o protagonista sequestrá-lo antes da prisão de uma maneira ridícula e mentirosa. Foi uma clara conveniência de roteiro, que destoou de toda a construção cuidadosa do filme até ali.
A segunda foi a inserção desnecessária da “família canibal”, numa clara referência (ou cópia) a O Massacre da Serra Elétrica: um amigo do vilão, que vive isolado com a esposa, e que também é canibal. Achei essa parte mal inserida e mal desenvolvida, não acrescentou praticamente nada à trama. Pelo contrário contrário, soou como um artifício gratuito para chocar, algo que o resto do filme não precisava.
Enfim, é um filme ótimo, um baita thriller, que recomendo para quem tem estômago forte. Tem alguns jump scares (o primeiro quase me matou de susto), mas, no geral, não é um filme de terror, e sim um thriller psicológico denso e impactante.
Extremamente bem filmado, com uma fotografia imersiva e uma direção que transforma todas as cenas de violência em experiências agonizantes e perturbadoras, I Saw the Devil me surpreendeu. A violência não é gratuita: as sequências longas, com poucos ou nenhum corte, criam uma tensão absurda, te deixando angustiado e com vontade de desviar o olhar.
O vilão, interpretado magistralmente, não busca ser carismático: ele é grotesco, cruel, quase um animal. Na primeira metade do filme, achei que ele fosse o “diabo” do título, enquanto o protagonista seria apenas alguém que o “viu”, um homem em busca de vingança pela morte brutal da noiva.
O vilão é um serial killer incontrolável, com sede de sangue, um maníaco sexual que escolhe como alvos mulheres bonitas e vulneráveis, embora também não hesite em matar qualquer homem que atrapalhe sua caçada. A direção acerta muito ao não romantizar essa figura. Por mais que o ator tenha carisma, o personagem não tem nada. E que atuação incrível, ele simplesmente se transforma, e não falo de maquiagem, mas de presença, de entrega.
Do outro lado, o protagonista — que inicialmente parece o "mocinho" clássico — me surpreendeu ainda mais. No começo, imaginei que seria o típico filme de vingança: um herói que persegue o vilão até matá-lo. Mas a segunda metade desconstrói totalmente essa expectativa. O vingador não quer apenas matar, ele quer transformar o vilão em sua presa, num jogo de caça cruel e psicológico. Ele o pega, tortura… e solta. Pega de novo, tortura… e solta. Vai quebrando o vilão física e mentalmente, criando nele o mesmo terror que causou às vítimas. A sombra da vingança o domina de tal forma que é possível sentir que ele está gostando desse jogo. Quem antes era apenas alguém que “viu o diabo”, acaba se transformando no próprio “diabo” aos olhos do vilão.
A mensagem do filme sobre vingança é poderosa, ela nunca traz vitória, apenas mais destruição. O vingador já havia perdido tudo no momento em que perdeu sua noiva, e o vilão nunca deixa que ele esqueça disso.
O filme é cru, violento, sombrio. Me peguei várias vezes tampando a boca, seja por susto, seja por incredulidade. Particularmente, achei a segunda metade muito superior à primeira (como se houvesse uma conversão do thriller em thriller psicológico), embora a direção fosse impecável do começo ao fim, potencializada ainda mais por uma trilha sonora precisa, que intensifica cada cena.
Mas nem tudo funcionou para mim. Duas coisas me incomodaram bastante.
A primeira foi aquela cena forçadíssima na reta final: a polícia inexplicavelmente enrolando para prender o serial killer, dando tempo para o protagonista sequestrá-lo antes da prisão de uma maneira ridícula e mentirosa. Foi uma clara conveniência de roteiro, que destoou de toda a construção cuidadosa do filme até ali.
A segunda foi a inserção desnecessária da “família canibal”, numa clara referência (ou cópia) a O Massacre da Serra Elétrica: um amigo do vilão, que vive isolado com a esposa, e que também é canibal. Achei essa parte mal inserida e mal desenvolvida, não acrescentou praticamente nada à trama. Pelo contrário contrário, soou como um artifício gratuito para chocar, algo que o resto do filme não precisava.
Enfim, é um filme ótimo, um baita thriller, que recomendo para quem tem estômago forte. Tem alguns jump scares (o primeiro quase me matou de susto), mas, no geral, não é um filme de terror, e sim um thriller psicológico denso e impactante.
Was this review helpful to you?