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The World of Kanako japanese movie review
Completed
The World of Kanako
1 people found this review helpful
by SOSLuluzeira
Jun 7, 2025
Completed
Overall 6.0
Story 6.0
Acting/Cast 10.0
Music 10.0
Rewatch Value 5.0

Estou sem palavras

Que filme alucinante, estou em êxtase!

The World of Kanako é completamente fora da caixinha (insano, visceral, perturbador) e me manteve vidrada em cada minuto. É daqueles filmes que você assiste com os olhos arregalados, soltando um "meu deus!" a cada reviravolta.

Os três maiores acertos, sem dúvida, foram:

1. O elenco, que entrega atuações arrebatadoras. Estamos falando de performances intensas, viscerais, daquelas que transbordam desconforto e verdade.

2. Os diálogos, sempre crus, violentos, cheios de tensão. Cada fala carrega um impacto narrativo real.

3. A montagem, que é simplesmente sensacional. Os cortes abruptos, os flashes e as transições caóticas refletem perfeitamente o estado mental do protagonista. Em cenas onde ele está mais perturbado ou sendo hipócrita, a edição acompanha seu colapso psicológico ou hipocrisia de forma sensacional.

A premissa parece simples: um ex-detetive alcoólatra e emocionalmente destruído descobre que sua filha desapareceu. A partir daí, embarca numa investigação desordenada e pessoal para encontrá-la. Aos poucos, ele descobre que a filha que idealizou está longe de ser inocente. Na verdade, Kanako é tão perturbadora, cruel e manipuladora quanto ele.

Um dos grandes méritos do filme é como ele brinca com as linhas temporais. No início, o roteiro sinaliza claramente o que é passado e presente, mas conforme a trama se intensifica, essa distinção desaparece, e curiosamente não fica confuso. A narrativa embaralhada acaba sendo mais um reflexo do caos interno do protagonista do que um mero recurso estilístico. E funciona.

As transições são um espetáculo à parte. Até as cenas mais calmas ganham tensão com a montagem agressiva, cheia de cortes rápidos e inserções quase subliminares. A maquiagem também merece destaque, não economizam em sangue, dor e impacto visual. A violência é gráfica, brutal, e atinge o espectador com força.

Outro ponto que adorei: não há ninguém para se apegar. Todos os personagens são moralmente podres. O filme não nos oferece mocinhos, só acompanhamos, como testemunhas horrorizadas, uma sucessão de decisões autodestrutivas. É um mergulho num abismo humano onde não há redenção (NÃO HÁ!!).

Mas claro, nem tudo funcionou. Por volta da metade, há uma quebra de ritmo difícil de ignorar. Um plot twist muda a perspectiva do protagonista e do espectador, mas também abre as portas para um excesso de tramas paralelas. A partir daí, o roteiro tenta dar conta de muitos elementos: envolvimento com empresários ricos, assassinos de aluguel, um policial perturbado e caricato (até agora não entendi sua real função na trama), guerra de gangues, rivalidades adolescentes. É como se o filme tentasse multiplicar os suspeitos e as teorias, perdendo o foco do que realmente importa.

Apesar desse exagero, o roteiro consegue se reencontrar perto do fim, entregando uma conclusão à altura do caos que construiu.

Sim, é um filme absurdamente violento. Em vários momentos, fiquei FISICAMENTE desconfortável, especialmente por causa da crueldade gráfica contra os personagens. E é importante deixar claro que o protagonista é um ser humano desprezível, podre, repulsivo. E sua filha não fica atrás. É um filme sobre a podridão humana, sem qualquer tentativa de suavizar ou justificar o que mostra.

Ainda assim, The World of Kanako me conquistou. Me entreteve, me chocou, me jogou no chão. Tem identidade, tem estilo, tem cenas memoráveis, diálogos densos e atuações monstruosas tanto do elenco jovem quanto dos veteranos.

Recomendo fortemente para quem curte filmes perturbadores que desafiam sua zona de conforto. Mas vá preparado, é preciso estômago, e nenhuma esperança de encontrar bons personagens. Aqui, todos estão afundando e levando os outros junto.
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