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The Light Shines Only There japanese movie review
Completed
The Light Shines Only There
0 people found this review helpful
by SOSLuluzeira
Jun 16, 2025
Completed
Overall 10
Story 10.0
Acting/Cast 10.0
Music 10.0
Rewatch Value 10.0

Dolorosamente lindo

Sabe quando um filme é tão bom desde o início que você já sofre só de saber que ele vai acabar? Foi exatamente essa a minha experiência com The Light Shines Only There. E o mais curioso é que ele é desconfortável e, ainda assim, eu queria permanecer mais tempo naquele universo cruel e melancólico.

A premissa é simples, mas executada com precisão e intensidade. Seguimos um homem solitário, carregando uma depressão que o afunda em jogos, bebidas e cigarros, que acaba criando uma amizade improvável com um ex-detento, um rapaz que é o completo oposto dele: espontâneo, animado, cheio de vida. A partir desse encontro, ele conhece a irmã mais velha do rapaz, uma mulher que se prostitui para sustentar a casa. E é com ela que nasce um romance tão torto quanto necessário.

A família desses dois irmãos vive em condições miseráveis. Tudo fede a abandono, dor e sobrevivência, e o filme não tenta aliviar esse retrato em nenhum momento.

Mas o que torna o filme tão poderoso é justamente a sensibilidade com que constrói as relações entre os personagens. A amizade entre os dois homens é uma das coisas mais bonitas do roteiro. O vínculo entre eles é tão genuíno que parece uma relação de irmãos. O romance com a irmã é igualmente intenso. E cada vínculo funciona como uma pequena fagulha tentando iluminar o abismo emocional em que todos se encontram.

O filme é triste, mas há beleza nessa tristeza. É bonito ver como o amor e a amizade oferecem pequenos respiros. É tocante ver o protagonista ganhando cor ao se apaixonar. É comovente quando ele deseja proteger alguém que já não sabe mais o que é ser protegida. E também é doloroso ver os três tentando escapar do inferno particular em que vivem.

A fotografia é impecável, crua, mas delicadamente bela. A direção é segura e sabe exatamente onde colocar a câmera para extrair o máximo de dor, desejo e desconforto. As cenas de nudez são conduzidas com uma maestria rara, especialmente ao contrastar o sexo cheio de afeto com o protagonista com o sexo mecânico, degradante e traumático com o antagonista.

Nada é gratuito aqui. Nem o sofrimento, nem a nudez, nem os silêncios, nem os gritos. O roteiro acerta ao se manter centrado nos dramas dos personagens, sem tentar abraçar temas demais. Os diálogos são realistas, a atmosfera é carregada e, mesmo com um ritmo lento, o filme prende. É aquele melodrama sombrio que sabe o que quer dizer e como dizer.

É difícil encontrar um filme que cause tanto incômodo e encanto ao mesmo tempo. The Light Shines Only There me deixou arrasada, tocada e apaixonada. Um filme para sentir na pele. E um dos melhores nessa temática que já vi.
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