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Do Do Sol Sol La La Sol korean drama review
Completed
Do Do Sol Sol La La Sol
0 people found this review helpful
by pedrinhoomota_
Jul 24, 2025
16 of 16 episodes seen
Completed
Overall 9.0
Story 9.0
Acting/Cast 9.5
Music 9.0
Rewatch Value 8.5
"Melodia de Esperança" pode até começar com um tom leve, quase cômico e fantasioso, mas o que se desenha ao longo dos episódios é um drama profundamente humano, construído com delicadeza, sensibilidade e uma força emocional que me surpreendeu. O que parecia uma simples comédia romântica pastelão rapidamente evolui para uma história tocante sobre perda, recomeço, amadurecimento e amor em suas formas mais puras.

A protagonista, Goo Ra‑Ra (vivida com doçura e precisão por Go Ara), é introduzida como uma jovem ingênua, dependente emocional e financeiramente do pai, uma caricatura da “mocinha mimada”. Mas o dorama opta por não se apegar a esse estereótipo. Após perder tudo repentinamente – o pai, a estabilidade, o noivo – Ra‑Ra é jogada num mundo que ela não conhece. E é justamente nessa reconstrução, nesse deslocamento, que o roteiro acerta de forma brilhante: ao permitir que ela mantenha sua essência otimista enquanto desenvolve independência emocional, empatia e coragem. Ra‑Ra não se reinventa apagando quem era, mas ressignificando sua doçura como força. É impossível não se apegar a ela – tanto pela sua ingenuidade inicial quanto pela maneira como ela cresce diante da adversidade.

O romance com Sun Woo‑Joon é conduzido com uma sensibilidade ímpar. Diferente de outras produções que aceleram o romance, aqui o afeto se constrói em detalhes: no silêncio, na ajuda cotidiana, no cuidado com o outro. Joon é um personagem complexo, cheio de camadas, marcado por um passado doloroso e um presente que exige sacrifícios. Seu vínculo com Ra‑Ra se fortalece não pela paixão idealizada, mas pela presença constante, pelo apoio mútuo e pela conexão que transcende palavras. Quando o espectador descobre que Joon está lutando contra uma doença grave e que se afasta para poupá-la da dor, o impacto é emocionalmente devastador. E mesmo o tão criticado salto temporal e o reaparecimento no final – sim, forçado narrativamente – não anula o peso dramático da separação e o quanto ela nos marca. Eu chorei. Muito.

Tecnicamente, o dorama é eficaz na construção de ambiente e secundários. A cidade de Eunpo é quase um personagem por si só, um espaço de acolhimento, cotidiano e afeto. Os coadjuvantes não estão ali por acaso: cada um representa uma dimensão da cura, da dor e da reinvenção. A criança que encontra em Ra‑Ra uma figura maternal, o médico que busca redenção através da música, a cabeleireira que redescobre a própria filha – todos esses núcleos ampliam o escopo temático da série sem perder o foco da narrativa principal.

A trilha sonora, centrada no piano, é outro ponto alto. A música não é apenas um adorno estético, mas um elo simbólico entre os personagens. Ela representa o passado de Ra‑Ra, sua ligação com o pai, mas também sua vocação e o instrumento através do qual ela cura a si e aos outros. Em cenas-chave, o piano se torna linguagem emocional – e isso é simplesmente lindo.

No fim das contas, o que mais me tocou em Melodia de Esperança foi a capacidade da série de transformar uma história aparentemente boba em uma jornada emocional genuína. A leveza do início não é fraqueza narrativa: é um contraste necessário para que a dor, quando chega, nos atinja com mais força. A evolução dos personagens é consistente e carregada de significado. Acompanhar Ra‑Ra não foi apenas acompanhar um arco de superação, foi como assistir a uma flor se abrindo em meio ao caos.

É por isso que, apesar das escolhas narrativas questionáveis no final, guardo esse dorama com muito carinho. Ele me fez rir, me fez torcer e, principalmente, me fez sentir. Melodia de Esperança é um lembrete de que há beleza nos recomeços – mesmo quando tudo parece perdido.
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