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Completed
Cashero
5 people found this review helpful
2 days ago
8 of 8 episodes seen
Completed 0
Overall 8.0
Story 8.0
Acting/Cast 9.0
Music 7.0
Rewatch Value 5.0
Cashero não é um drama com uma premissa ruim — pelo contrário. A ideia de um protagonista cuja força sobre-humana só funciona quando ele está segurando dinheiro vivo, e que literalmente perde suas economias ao usá-la, é brilhante em conceito. Em um país como a Coreia do Sul, onde o peso da escada imobiliária, da estabilidade financeira e do futuro conjugal sufoca uma geração inteira, isso poderia ter sido uma metáfora poderosa sobre sacrifício, sobrevivência e identidade. O dilema entre “ter alma ou ter um futuro” estava todo ali, pronto para ser explorado. Mas o roteiro simplesmente não teve paciência — nem coragem — de ir fundo.

O maior problema de Cashero é sua pressa em se transformar em um thriller genérico. Antes mesmo da metade do segundo episódio, o que deveria ser uma fonte constante de tensão — a escassez de dinheiro — é convenientemente anulada quando Sang-ung recebe uma sacola de dinheiro inesperada. A partir daí, a série perde seu principal motor dramático. A angústia financeira vira detalhe, a novidade se esgota rapidamente e a história passa a sobreviver de situações rasas, piadas ocasionais e conflitos sem peso real. É uma escolha preguiçosa, que esvazia completamente o potencial da proposta inicial.

Essa superficialidade se reflete também no relacionamento central. Somos informados de que Sang-ung e Min-suk estão juntos há nove anos, mas a série jamais nos faz sentir isso. Não há intimidade, história compartilhada ou química emocional. O relacionamento, que deveria ser o coração do drama, é tratado quase como um obstáculo narrativo. Ironicamente, Min-suk acaba sendo a personagem mais humana da trama: sua frustração constante com a estagnação financeira é absolutamente legítima. Depois de quase uma década parada no mesmo lugar, querer um apartamento digno e uma vida melhor não é egoísmo — é sobrevivência. O problema é que a atuação sem energia e o roteiro raso transformam esse conflito realista em algo que soa como mera reclamação, desperdiçando um drama emocional que poderia ter sido devastador.

A incoerência emocional do roteiro chega a ser ofensiva em alguns momentos. Sang-ung reage com horror genuíno ao ver civis morrendo em uma cena, como se seu mundo tivesse desmoronado — e, no corte seguinte, está em casa sorrindo para a namorada adormecida, como se tivesse tido um dia comum. Não há transição, reflexão ou consequência emocional. Isso quebra completamente qualquer tentativa de imersão e passa a sensação de que a série não se importa com o impacto psicológico dos eventos que ela mesma cria.

Os personagens secundários até apresentam ideias divertidas — como Byeon Ho-in atravessando paredes quando está bêbado ou Bang Eun-mi usando telecinese com lanches — mas são largados pelo caminho. Eles existem apenas como ferramentas narrativas, nunca como pessoas. No fim, todos orbitam um protagonista que, infelizmente, é pouco mais que um recorte de papelão: sem carisma, sem conflito interno consistente e sem evolução real.

Visualmente e estruturalmente, Cashero tenta misturar crítica social, super-heróis e humor, mas faz isso sem sutileza alguma. O dinheiro nunca parece realmente importar, nunca pesa como deveria. As cenas de luta são exageradas, tratadas como vida ou morte, mas vazias de significado. Em vários momentos, é difícil se importar com quem vence — ou sequer entender por que aquela luta está acontecendo. Os vilões, por sua vez, são fracos, pouco ameaçadores e mal desenvolvidos, o que só reforça a sensação de que nada ali tem consequências reais.

A comparação com Moving é inevitável — e cruel. Enquanto Moving conseguiu humanizar seus super-heróis, mostrando pessoas comuns lidando com poderes extraordinários, Cashero falha em criar qualquer vínculo emocional. Nenhum personagem desperta empatia genuína. Se todos desaparecessem da história, dificilmente o espectador sentiria algo. Falta carisma, falta calor humano, falta propósito.

Ainda assim, Cashero não chega a ser o pior drama já feito. Ele é… assistível. Funciona como entretenimento leve, quase como um ruído de fundo para quem quer algo passando enquanto descansa. Não dói assistir, mas também não deixa nada depois que acaba. É um drama que troca profundidade por conveniência, crítica social por clichês, e potencial por pressa.

No fim, fica a sensação frustrante de oportunidade desperdiçada. Cashero podia ter sido uma reflexão afiada sobre dinheiro, amor, sacrifício e poder em uma sociedade desigual. Escolheu ser superficial. Dá pra assistir? Dá. Mas poderia — e deveria — ter sido muito melhor.

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Completed
Dear X
2 people found this review helpful
20 days ago
12 of 12 episodes seen
Completed 2
Overall 7.0
Story 7.0
Acting/Cast 9.0
Music 6.5
Rewatch Value 6.0
Dear X começa como um drama promissor, envolto em atmosfera sombria, trilha elegante e uma protagonista feminina rara nos k-dramas: complexa, falha e moralmente duvidosa. Nos primeiros oito episódios, a narrativa se sustenta bem — não perfeita, mas coerente — ao construir um retrato psicológico de Ah-Jin e do mundo tóxico que ela mesma alimenta. Há tensão, estética, atuações excelentes e a sensação de que o drama está preparando um arco consistente de queda e possível redenção. É justamente por isso que a segunda metade se torna tão frustrante: tudo aquilo que foi construído com cuidado é abruptamente descartado.

A partir do episódio 9, Dear X parece trocar de gênero, de direção e até de objetivo. A série abandona sua abordagem psicológica e passa a depender de choques gratuitos. O antagonista novo surge abruptamente, sem qualquer preparação narrativa, parecendo pertencer a outro drama — mais caricatural, mais raso e infinitamente menos interessante. Sua presença não expande a história, não aprofunda Ah-Jin e não cria conflito orgânico; é apenas um dispositivo para forçar tragédia e manipular a trama rumo a um desfecho mais “impactante”, ainda que totalmente desconectado do que veio antes.

Ah-Jin, por sua vez, perde qualquer coerência interna. A personagem construída até o episódio 8 — fria, manipuladora, mas não desprovida de humanidade — é substituída por uma figura quase aleatória, que comete atrocidades de maneira mecânica, sem dilema, sem motivação emocional, sem lógica psicológica. O arco de redenção insinuado antes desaparece, assim como a conexão afetiva com Joon-Soo e o vínculo emocional silencioso com Jae-Oh. De protagonista complexa, ela se torna apenas um dispositivo narrativo para empurrar a história rumo a um abismo sem propósito.

A morte de Jae-Oh é o ponto que mais gerou revolta — e com razão. Não só é trágica e brutal, como é inútil, narrativa e emocionalmente. Ele era um dos poucos personagens com humanidade real, alguém que oferecia contraste com o caos ao redor. Sua morte não gera mudança, não provoca reflexão e não altera o rumo de Ah-Jin: acontece apenas para chocar. Isso torna seu sacrifício raso e desrespeitoso para com a complexidade que o drama parecia querer construir em seus primeiros capítulos.

Joon-Soo, outro personagem que deveria ser o contrapeso moral da protagonista, também sofre um apagamento de personalidade. Tudo que ele construiu ao longo da narrativa — sua firmeza, sua lealdade, seu desejo de salvar Ah-Jin de si mesma — é comprometido quando o roteiro o força a agir de maneiras absurdas, incluindo a cena do penhasco. É como se o drama tivesse decidido que, para intensificar a tragédia, precisava destruir completamente qualquer coerência dos personagens, mesmo que isso sacrificasse o que fazia o início da série funcionar.

O resultado é que Dear X se torna uma obra narrativamente partida ao meio. A primeira parte é envolvente, elegante e emocionalmente rica; a segunda é caótica, apressada e cruel sem motivo. O final aberto, longe de ser intrigante, parece apenas preguiçoso ou indeciso — quase como se a série quisesse deixar espaço para uma segunda temporada, mas ao mesmo tempo tivesse destruído todos os pilares dramáticos que tornariam isso interessante. O sentimento predominante é o de perda: perda de potencial, de coerência e do impacto emocional que a história poderia ter tido.

Ainda assim, há méritos. As atuações — especialmente de Kim Yoo-Jung — são impecáveis, e a química entre os leads é forte o suficiente para manter o público investido mesmo nos piores momentos do roteiro. Mas, no geral, Dear X se revela um drama que começa com brilho e termina em ruínas. Poderia ter sido um estudo fascinante sobre ambição, trauma e destruição — algo na linha de The Glory — mas escolhe o caminho mais fácil: exagero, sofrimento gratuito e reviravoltas que não respeitam nem seus próprios personagens. Um potencial desperdiçado que deixa mais frustração do que satisfação.

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Completed
As You Stood By
1 people found this review helpful
Nov 15, 2025
8 of 8 episodes seen
Completed 0
Overall 9.0
Story 10
Acting/Cast 10
Music 8.0
Rewatch Value 8.0
As You Stood By, lançado em novembro de 2025 pela Netflix, é uma adaptação do romance japonês “Naomi and Kanako”, de Hideo Okuda, e se estabelece como um dos dramas mais intensos e emocionalmente cinzentos do ano. A produção, dirigida por Lee Jeong-rim e escrita por Kim Hyo-jeong, apresenta uma narrativa compacta em oito episódios, conduzida sobretudo pela força e pela dor das protagonistas interpretadas por Jeon So-nee e Lee Yoo-mi.

A história acompanha Jo Hui-su, uma mulher presa em um casamento violentíssimo com Noh Jin-pyo, interpretado de forma perturbadora por Jang Seung-jo. Seu marido transita entre charme público e crueldade privada: pede desculpas com joias, manipula, humilha e agride, criando um ciclo de violência que a série retrata sem suavizações. Essa dinâmica, segundo críticas especializadas, é apresentada como algo estrutural: não apenas um conflito doméstico, mas um sistema inteiro que normaliza, encobre e perpetua o abuso.

Quem surge como força oposta a esse cenário é Jo Eun-su, interpretada por Jeon So-nee, a amiga que entende a dor de Hui-su porque cresceu em um lar igualmente abusivo. A relação entre as duas mulheres é o coração emocional do dorama. Não é um romance — é algo mais profundo, visceral, uma conexão entre duas vidas que reconhecem as cicatrizes uma da outra. A amizade não apenas sustenta as personagens: ela move a narrativa, impulsiona decisões arriscadas e, aos poucos, transforma vítimas em agentes de suas próprias trajetórias.

Conforme a história avança, a série constrói uma atmosfera de tensão crescente, quase sufocante, enquanto expõe falhas institucionais: a polícia que ignora sinais óbvios, a sociedade que prefere não intervir, familiares que culpam a vítima ou romantizam a relação. É nesse mundo — tão real e tão cruel — que o plano das protagonistas começa a se formar. Não se trata de um simples enredo de “vingança”: As You Stood By questiona o preço da liberdade em uma estrutura que parece projetada para impedir que mulheres escapem.

A cada episódio, o drama reforça que o abuso não acontece apenas no momento da agressão, mas também no silêncio depois dela. Há um realismo cru em mostrar como o medo molda comportamentos, como a culpa paralisa e como a esperança, às vezes, se resume a sobreviver mais um dia. A direção evita exageros melodramáticos; ao contrário, aposta em uma frieza calculada, em uma estética que valoriza olhares, pausas, respirações curtas — porque a violência mais devastadora raramente é barulhenta.

E no fim, As You Stood By deixa uma reflexão poderosa: até onde alguém deve ir para salvar uma pessoa que ama? E mais — por que tantas mulheres precisam ultrapassar limites extremos para serem ouvidas? A série não entrega respostas fáceis, porque não existe facilidade nesse tema. Ela escancara a realidade de que, muitas vezes, o único refúgio possível é encontrado nos braços de quem compartilha a mesma ferida. É um dorama sobre dor, coragem e solidariedade feminina — e, principalmente, sobre como permanecer ao lado de alguém pode ser, em alguns contextos, o ato mais revolucionário e amoroso que existe.

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Completed
Parasite
1 people found this review helpful
Sep 18, 2025
Completed 0
Overall 10
Story 10
Acting/Cast 10
Music 10
Rewatch Value 10
This review may contain spoilers
Poucos filmes recentes conseguiram provocar um impacto tão profundo quanto Parasita, de Bong Joon-ho. À primeira vista, a trama se apresenta como uma comédia de costumes: uma família pobre que, com astúcia, se infiltra na vida de uma família rica, ocupando seus empregos. Mas logo percebemos que o filme não se limita à sátira social. Ele se revela uma obra multifacetada, onde cada cena carrega símbolos e camadas que conversam com questões universais de desigualdade, dignidade e limites invisíveis impostos pela sociedade.

A construção espacial da narrativa é uma das marcas mais brilhantes da direção. Bong organiza o espaço físico como metáfora social: a família Kim vive em um semiporão úmido e mal iluminado, simbolizando a condição de quem está sempre “entre o subterrâneo e a superfície”, nunca plenamente inserido no mundo dos privilegiados. Já os Park vivem em uma casa ampla, moderna, com janelas que se abrem para um jardim iluminado — um verdadeiro paraíso acima do caos urbano. E no ponto mais baixo da hierarquia, literalmente escondido, encontramos o bunker secreto, onde o marido da governanta sobrevive em sombras, invisível ao mundo.

Essa geografia não é apenas cenário, mas uma forma de narrativa. As escadas, descidas e subidas, funcionam como lembrete constante de que a mobilidade social é ilusória: os personagens sobem fisicamente, mas são inevitavelmente arrastados de volta para baixo. A cena da chuva exemplifica isso com maestria: enquanto os Park celebram a “brisa limpa” proporcionada pelo temporal, os Kim veem sua casa inundada e sua vida reduzida a lama. Aqui, Bong evidencia que catástrofes não atingem a todos igualmente — e que a desigualdade define até a maneira como experimentamos o clima.

As microhumilhações também são parte central da narrativa. O “cheiro” dos Kim, constantemente comentado pelos Park, é uma marca invisível de classe. Não se trata apenas de odor físico, mas de um estigma social: por mais que a família se esforce, há algo indelével que denuncia sua origem. A repulsa do Sr. Park diante desse cheiro, especialmente na cena final quando precisa das chaves do carro, não é apenas desprezo individual, mas a materialização de um sistema que mantém as classes rigidamente separadas. É exatamente esse gesto banal de nojo que acende a fúria de Ki-taek, desencadeando o desfecho sangrento.

O uso da “pedra-sábia” é outro recurso simbólico fascinante. Entregue à família Kim como promessa de prosperidade e sorte, ela representa a ilusão da meritocracia e o peso das esperanças depositadas em símbolos vazios. No momento decisivo, a pedra não traz fortuna, mas se volta contra Ki-woo, esmagando-o — uma metáfora cruel de como os sonhos de ascensão social podem se tornar armadilhas. Paralelamente, a devoção quase religiosa de Geun-sae ao Sr. Park, piscando as luzes em código Morse como forma de reverência, revela como a desigualdade não apenas oprime, mas também cria submissões voluntárias, naturalizando a distância entre ricos e pobres.

O final, por sua vez, é um golpe de mestre. Ki-woo imagina um futuro em que enriquece, compra a casa e liberta o pai escondido no porão. Mas a câmera retorna ao semiporão, mostrando que esse plano não passa de um devaneio. Bong nos lembra que a mobilidade social, para a maioria, é uma fantasia cruelmente inalcançável. Parasita não oferece soluções fáceis nem finais reconfortantes; ele escancara, com humor ácido e violência catártica, a brutalidade de um sistema que transforma todos em parasitas — seja consumindo o trabalho alheio ou alimentando-se de ilusões. É um filme que não apenas se assiste, mas que se absorve e se leva consigo, ecoando muito depois da última cena.

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Completed
Cinderella and the Four Knights
1 people found this review helpful
Aug 16, 2025
16 of 16 episodes seen
Completed 0
Overall 8.5
Story 8.5
Acting/Cast 8.5
Music 9.0
Rewatch Value 7.0
Cinderella and the Four Knights se apresenta como aquele dorama perfeito para quem busca um romance leve com um toque de conto de fadas moderno. A trama tem uma premissa charmosa: uma garota simples, batalhadora e cheia de coragem que entra no mundo luxuoso dos “príncipes” da família Haneul. Logo de início, o drama conquista pela mistura de comédia, romance e conflitos familiares, criando uma narrativa agradável e fácil de acompanhar. Os cenários luxuosos, a OST envolvente e os momentos fofos dão aquele clima de conforto típico dos doramas mais clássicos.

Entre os pontos positivos, além da química maravilhosa entre Eun Ha-won e Ji-woon, destaca-se o carisma de alguns personagens secundários. O mordomo Lee Yoon-sung, por exemplo, traz maturidade e estabilidade à história, sendo quase um “porto seguro” em meio ao caos dos herdeiros. O avô também funciona como uma figura de autoridade interessante, dando peso à trama. Outro aspecto elogiado é o equilíbrio entre humor e emoção nos primeiros episódios, que conseguem prender o espectador e dar vontade de maratonar.

Porém, há vários pontos negativos apontados em reviews. O principal deles é o desenvolvimento inconsistente dos personagens secundários: Seo-woo, por exemplo, que tinha tudo para brilhar como músico carismático, acaba sendo deixado de lado e vira quase irrelevante perto do final. Além disso, a série repete alguns clichês excessivamente — como mal-entendidos forçados e triângulos amorosos desnecessários — o que faz a narrativa perder frescor. Outro ponto criticado foi a forma como os conflitos familiares, que prometiam ser profundos, acabaram sendo resolvidos de maneira apressada e pouco convincente.

O ritmo também é uma queixa recorrente: enquanto os primeiros episódios são ágeis e cheios de acontecimentos, a partir da metade a série começa a se alongar em dramas que não rendem tanto, tornando-se cansativa em alguns momentos. Essa “enrolação” na reta final fez com que muitos espectadores perdessem parte do encanto, já que parecia que os roteiristas estavam apenas empurrando a trama até o desfecho. Hye-ji, com sua expressão única e constante postura melancólica, foi outra personagem alvo de críticas — sua presença acabou trazendo mais frustração do que impacto positivo.

Mesmo com esses deslizes, o dorama conseguiu entregar um final bem amarrado. Embora seja clichê, a conclusão dá uma sensação de recompensa e fecha a história de forma satisfatória. Cinderella and the Four Knights é, portanto, um drama que encanta pelo romance central, pelos cenários luxuosos e pela leveza, mas que sofre com personagens mal aproveitados e problemas de ritmo. Ainda assim, vale a pena assistir se a ideia for se envolver em uma história doce, que mistura humor e emoção, mesmo que com algumas falhas no caminho.

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Completed
Would You Marry Me?
2 people found this review helpful
Nov 20, 2025
12 of 12 episodes seen
Completed 0
Overall 9.0
Story 9.0
Acting/Cast 9.0
Music 8.5
Rewatch Value 8.5
Desde que comecei a ver Would You Marry Me?, eu gostei muito da ideia: Yoo Me-ri (Jung So-min) ganha uma casa de luxo numa loteria, mas só pode reivindicar o prêmio se estiver oficialmente casada — então ela propõe um casamento de mentira por 90 dias a Kim Woo-joo (Choi Woo-shik), um herdeiro de padaria bastante certinho. Essa premissa, apesar de ser clichê, me conquistou logo de cara, porque o clássico “casamento falso para ganhar algo” é algo que funciona muito bem quando bem executado.

No começo, a química entre Me-ri e Woo-joo é o grande atrativo para mim. Há momentos deliciosamente constrangedores, mal-entendidos comunicativos, e gestos inesperados que fazem rir e suspirar. Eles têm personalidades diferentes — ela impulsiva e criativa, ele mais racional e contido — e esse contraste rende bons episódios, me deixando curiosa para ver como vão evoluir juntos. A atriz Jung So-min, em entrevistas, contou que usou até método para entrar na pele da personagem, mantendo um diário e imaginando a vida dela.

Também achei legal como a produção tenta dar peso emocional para essa comédia romântica: a Me-ri já sofreu por um noivado frustrado, e Woo-joo vem de uma família tradicional de padaria, o que traz conflitos de herança, identidade e expectativas. Esses componentes poderiam render dramas profundos. E, para mim, isso contribui para dar um charme a mais, porque não é só “vamos fingir que estamos casados”, mas “eu preciso dessa casa, você precisa manter as aparências, e há muito em jogo”.

No entanto — e aqui vai o que me incomodou bastante —, conforme os episódios foram avançando, senti que tudo ficou um pouco cansativo. As subtramas começaram a se acumular: família, ex-noivo, chantagens, ameaças… É como se todo arco secundário quisesse ganhar destaque, a ponto de desviar demais a atenção do casal principal. Isso me fez pensar que os roteiristas se perderam no excesso de drama periférico. Aliás, algumas críticas também apontam que os vilões ficam demais na tela e algumas tramas são resolvidas de maneira conveniente.

Apesar disso, eu não senti que o final foi corrido — pelo contrário, achei satisfatório. No desfecho, os dilemas são bem amarrados, há uma evolução evidente nos protagonistas, e a história do fake marriage se resolve de forma coerente. Mesmo com os tropeços ao longo, a conclusão me pareceu pensada para dar ao público aquilo que ele esperava: um encerramento doce, com alimento emocional e com a promessa de algo real entre Me-ri e Woo-joo.

Mas é justamente por isso que me decepcionei um pouco: eu esperava mais profundidade. Se por um lado o clichê é bem usado, por outro eu senti falta de momentos mais íntimos de amadurecimento, de dúvidas internas mais intensas, de crescimento verdadeiro. Algumas cenas pareciam só “encher espaço” para sustentar os 12 episódios, sem agregar tanto para a construção dos personagens.

Então, resumindo em tom de blog: eu vi Would You Marry Me? como uma rom-com capaz de arrancar sorrisos e suspirar, com um casal simpático e boa química, mas senti que se apoiou demais em subtramas exageradas e perdeu parte da força emocional que poderia ter explorado melhor. Foi divertido, sim — mas, para mim, faltou aquele toque mais profundo que faz um dorama ficar memorável depois que termina.

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Completed
Mission Cross
0 people found this review helpful
13 hours ago
Completed 0
Overall 4.5
Story 4.5
Acting/Cast 6.5
Music 5.5
Rewatch Value 1.0
Missão Cruzada (Cross Mission), de 2024, começa dando a falsa impressão de que estamos diante de algo promissor — e talvez isso seja o seu maior pecado. A apresentação inicial funciona: uma policial competente, independente, levemente excêntrica e cheia de presença. É fácil simpatizar com ela desde o primeiro momento, sobretudo porque o filme se esforça para mostrá-la como alguém que conquistou seu espaço com mérito, pulso firme e inteligência.

O marido, à primeira vista, parece cumprir o papel clássico do “banana” deslocado ao lado de uma mulher forte. Esse julgamento inicial até se revela equivocado, e aqui o roteiro parece ensaiar uma virada interessante: ele não é tão inofensivo quanto aparenta e sabe se virar em situações extremas. O problema é que essa revelação, que poderia enriquecer a narrativa, acaba sendo desperdiçada logo em seguida.

Do meio em diante, o filme entra em um declínio quase irreversível. A trama se perde completamente ao transformar o que deveria ser um thriller de ação e espionagem em uma confusa disputa em torno do marido infiel. A narrativa abandona qualquer senso de foco e passa a girar em círculos, insistindo em conflitos repetitivos, diálogos cansativos e situações que não levam a lugar nenhum. O ritmo se torna arrastado a ponto de testar a paciência do espectador.

A confusão narrativa é um problema constante. Elementos como dinheiro, Coreia do Sul, mísseis e conspirações internacionais são jogados na história sem o mínimo cuidado em conectar tudo de forma clara. Nada é devidamente explicado, desenvolvido ou amarrado. O resultado é uma sensação constante de estar assistindo a cenas soltas, sem entender exatamente qual é o objetivo da trama ou o que realmente está em jogo.

O tom do filme também é instável. Ele não decide se quer ser uma comédia de ação, um drama conjugal, um thriller político ou uma sátira. Essa indecisão enfraquece todos os gêneros que tenta abraçar. As cenas de ação não empolgam, o humor não funciona e o suspense nunca se sustenta. Em vez de complexidade, o que se vê é apenas desorganização.

O desfecho é, infelizmente, coerente com todo esse caos: mediano, apressado e sem impacto. Não há catarse, não há surpresa verdadeira, não há sensação de recompensa. O final simplesmente acontece, como se o próprio filme estivesse cansado de si mesmo e quisesse terminar logo.

No fim das contas, Missão Cruzada é um exemplo claro de uma ideia que até tinha potencial, mas foi sufocada por um roteiro confuso, escolhas narrativas equivocadas e falta de identidade. Um filme que começa bem, se perde completamente no caminho e termina sem deixar nada além da frustração de ter desperdiçado tempo com algo que poderia — e deveria — ter sido muito melhor.

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Completed
The Handmaiden
0 people found this review helpful
13 hours ago
Completed 0
Overall 9.5
Story 10
Acting/Cast 10
Music 7.5
Rewatch Value 9.0
The Handmaiden é um daqueles filmes que se impõem desde a primeira cena, deixando claro o cuidado estético e narrativo de Park Chan-wook. Ambientado na Coreia sob domínio japonês, o longa constrói uma atmosfera densa, elegante e profundamente literária, fazendo o espectador sentir que está “lendo” a história, e não apenas assistindo a ela. A fotografia, os enquadramentos e o ritmo deliberado criam um clima hipnótico que prende do início ao fim.

A trama se sustenta em camadas de mistério, trapaça e manipulação. Nada é exatamente o que parece, e o roteiro brinca constantemente com as expectativas do público. Quando se acredita que o clímax foi alcançado, uma nova revelação surge e reorganiza completamente o entendimento da história. Esse jogo narrativo é um dos grandes trunfos do filme, fazendo com que suas quase três horas passem de forma surpreendentemente fluida.

O romance entre as duas protagonistas é central e tratado com sensibilidade e intensidade. A relação se desenvolve de maneira gradual, explorando desejo, cumplicidade e libertação, sem cair na vulgaridade gratuita. As cenas mais sensuais existem para servir à narrativa e à construção das personagens, reforçando a carga emocional da história e a complexidade da ligação entre elas.

Ha Jeong-woo, como o protagonista masculino, funciona como uma peça essencial nesse tabuleiro psicológico. Sua presença constante cria tensão, conflito e desequilíbrio, atuando como uma barreira simbólica e narrativa entre as duas mulheres. O trio principal apresenta uma química impressionante, sustentando o filme com atuações seguras, intensas e extremamente envolventes.

Um dos aspectos mais interessantes de The Handmaiden é o uso bilíngue do japonês e do coreano. A alternância entre os idiomas não é apenas um detalhe estilístico, mas uma ferramenta narrativa que reforça relações de poder, dominação cultural e identidade. A fluência do elenco contribui para a imersão e dá ainda mais veracidade ao período histórico retratado.

Tecnicamente, o filme é impecável nos figurinos, cenários e direção de arte, que recriam com riqueza de detalhes a época da ocupação japonesa. Ainda que a trilha sonora seja discreta, o silêncio e os sons ambientes cumprem bem seu papel, intensificando a tensão psicológica. Talvez um aprofundamento maior no contexto histórico ajudasse espectadores menos familiarizados com o período, mas isso não compromete a força do conjunto.

O final é simplesmente arrebatador. Inteligente, ousado e satisfatório, ele ressignifica toda a jornada e recompensa o espectador pela atenção dedicada. The Handmaiden é um filme adulto, provocador e sofisticado, que combina erotismo, suspense e drama com rara precisão. Uma obra-prima moderna do cinema coreano, memorável e digna de figurar entre os grandes filmes do gênero.

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Completed
Dynamite Kiss
0 people found this review helpful
1 day ago
14 of 14 episodes seen
Completed 0
Overall 7.5
Story 7.5
Acting/Cast 8.5
Music 8.0
Rewatch Value 6.0
Dynamite Kiss termina 2025 de um jeito… ok. É aquele dorama que tinha todos os ingredientes para ser memorável: proposta interessante, começo forte, elenco carismático e um tom que prometia algo diferente dentro do gênero. Nos primeiros episódios, especialmente nos dois iniciais, a série realmente empolga, envolve e cria expectativa. Havia ali potencial real para se tornar um dos destaques do ano — talvez até um queridinho entre quem acompanha dramas asiáticos com frequência.

A história começa com fôlego e até ousa sair do óbvio. Acompanhamos Darim e suas dificuldades de vida de forma sensível, com cenas que emocionam e criam conexão. O roteiro acerta ao investir em lembranças e memórias como elemento narrativo, o que dá unidade à trama, além de trazer com cuidado o universo das mães e das crianças, um tema frequentemente negligenciado nas séries. Soma-se a isso uma trilha sonora bem escolhida e atuações muito competentes, que elevam o material.

O problema surge conforme a série avança. Aos poucos, Dynamite Kiss passa a se apoiar excessivamente em clichês já desgastados: perda de memória, atropelamento, término estratégico no penúltimo episódio. Recursos que antes funcionavam hoje soam preguiçosos, principalmente em um drama que prometia fugir da curva. A sensação que fica é de frustração — não porque o drama seja ruim, mas porque ele claramente poderia ser muito melhor do que entrega.

Um dos maiores tropeços está no tratamento dos personagens secundários. O casal que tinha total aprovação do público e dois personagens carismáticos foi desperdiçado por uma tentativa cansativa de triângulo amoroso. O não desenvolvimento de Seoun-u com Ha-eyoung frustra e esvazia completamente esse arco, a ponto de o casal secundário mal poder ser chamado assim. É um desperdício ainda maior quando pensamos no potencial da herdeira antagonista, uma personagem feminina diferente do clichê machista: bondosa, resiliente e interessante — mas pouco aproveitada.

O roteiro também peca em detalhes que fazem muita diferença. O esquecimento da irmã da protagonista como ferramenta de conflito soa forçado, o final é atropelado e o episódio 13 se destaca negativamente como pura enrolação. A própria protagonista acaba cansando ao repetir comportamentos sem evolução clara, o que enfraquece sua jornada. Em vários momentos, o drama parece subestimar a inteligência do espectador, especialmente com rivalidades masculinas artificiais e conflitos que poderiam ser resolvidos de forma mais madura.

Ainda assim, não dá para ignorar os acertos. Há momentos em que a comédia funciona muito bem e diverte de verdade. O elenco entrega atuações sólidas do início ao fim, e algumas personagens femininas têm desfechos muito bons — o final da mãe do protagonista, por exemplo, é um dos pontos mais bem resolvidos da série. Esses elementos seguram o drama e impedem que ele desande completamente.

No fim das contas, Dynamite Kiss é um dorama que acerta no geral, mas erra demais nos detalhes. É divertido, cria carinho e até envolve emocionalmente, mas deixa aquela sensação constante de oportunidade perdida. Um drama nota 10 que acaba virando um 8… ou menos, dependendo da tolerância de quem assiste aos clichês do gênero. Veredito final: tem doramas melhores por aí. Não é ruim — mas também não é recomendação forte.

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Completed
Unforgettable
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1 day ago
Completed 0
Overall 10
Story 10
Acting/Cast 10
Music 10
Rewatch Value 10
As Primeiras Histórias de Amor (Pure Love) é aquele tipo de filme que carrega a juventude dentro de uma garrafa, como se dissesse em silêncio: “sinta de novo, mesmo que doa”. É uma obra nostálgica, agridoce e inevitavelmente melancólica, que não tenta esconder sua tristeza. Pelo contrário, ela a abraça com delicadeza, transformando a dor em memória e a memória em algo quase sagrado.

Ambientado nos anos 80, o filme nos leva a uma pequena ilha onde um grupo de amigos retorna para passar o verão ao lado de Soo Ok, a única que nunca conseguiu partir. Presa àquele lugar por uma limitação física, ela observa os amigos seguirem para a cidade enquanto permanece ali, sonhando. Soo Ok quer fazer a cirurgia, estudar, tornar-se locutora de rádio — quer ter uma voz que alcance mais longe do que o horizonte da ilha. Seus sonhos são simples, mas cheios de esperança, e é impossível não torcer por ela.

A realidade, no entanto, não é gentil. A ignorância do pai, a desonestidade médica e o peso de uma época menos humana acabam sufocando essas aspirações. O destino de Soo Ok não é cruel por exagero dramático, mas por ser profundamente real. O filme mostra como o amor e a juventude podem ser interrompidos não por falta de vontade, mas por estruturas falhas e escolhas alheias. O desfecho é trágico e deixa marcas profundas, tanto nos personagens quanto em quem assiste.

Anos depois, já na vida adulta, o passado retorna de forma silenciosa e poderosa. Um pacote misterioso chega às mãos de Beom Shil, agora apresentador de rádio. Dentro, estão o diário de Soo Ok, cartas, objetos e músicas que funcionam como fragmentos de um tempo que nunca deixou de existir. Ao abrir essa caixa, o tempo se dobra, e o último verão ressurge com força emocional avassaladora.

Cada anotação, cada lembrança e cada canção transporta os personagens — e o espectador — para aquele período onde tudo ainda parecia possível. A memória não surge como alívio, mas como eco. É o primeiro amor reaparecendo não para ser revivido, mas para ser sentido de novo, com a mesma intensidade e a mesma dor. O filme entende que o passado não desaparece; ele apenas muda de forma.

A trilha sonora é um dos elementos mais marcantes da obra. Ela não apenas acompanha a narrativa, mas a atravessa. As músicas carregam emoção, tempo e saudade. Dust in the Wind, em especial, deixa de ser apenas uma canção para se tornar uma lembrança emocional permanente. Depois do filme, ela nunca mais soa da mesma maneira — passa a carregar o peso daquilo que foi perdido cedo demais.

As atuações são outro ponto alto. Kim So Hyun entrega uma Soo Ok luminosa, sensível e cheia de vida, mesmo diante das limitações. D.O. constrói Beom Shil com uma mistura tocante de inocência, afeto e culpa silenciosa. Nada soa forçado; a dor não grita, ela pulsa. O elenco sustenta a emoção com uma naturalidade que torna tudo ainda mais verdadeiro.

As Primeiras Histórias de Amor não promete finais felizes nem tenta consertar o passado. Ele não oferece alívio — oferece lembrança. É um filme sobre o que fica quando tudo vai embora, sobre o amor que não teve tempo de amadurecer e sobre crescer entendendo que algumas perdas nos acompanham para sempre. Um filme para assistir quando o coração quiser voltar a um tempo em que amar era simples, e perder fazia parte de aprender a crescer.

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Completed
Light Shop
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3 days ago
8 of 8 episodes seen
Completed 0
Overall 10
Story 10
Acting/Cast 10
Music 9.0
Rewatch Value 10
Light Shop – Entre a vida e a morte é um daqueles dramas que não se explicam facilmente; eles se sentem. Mesmo meses depois de terminar, permanece ecoando, como uma luz que não se apaga completamente. Desde o primeiro episódio, com sua atmosfera densa e quase sufocante, o drama deixa claro que não tem pressa. A repetição da cena do homem descendo do ônibus e da mulher com a mala, aguardando ser lembrada, já anuncia o tom: aqui, memória é existência. Embora o início pareça lento, essa lentidão não é defeito — é convite. Um pedido silencioso para que o espectador desacelere, observe e permita que a história cresça dentro de si.

Ao longo de apenas oito episódios, Light Shop constrói um mosaico humano impressionante. São doze personagens, cada um carregando dores, arrependimentos, amores interrompidos e escolhas inacabadas. Nem todas as respostas vêm prontas, e isso é uma das maiores virtudes da obra. O roteiro não entrega certezas, mas provoca reflexões: sobre o que faríamos se tivéssemos uma última chance, sobre o peso das decisões e sobre aquilo que nos prende — ou nos liberta — da vida. Não parece um final aberto, mas sim um espelho, devolvendo ao espectador suas próprias crenças sobre vida, morte e continuidade.

O episódio 5, que revela o acidente de ônibus, funciona como um ponto de virada emocional e narrativo. Tudo o que antes parecia fragmentado ganha contorno e sentido. É ali que o drama deixa de ser apenas atmosférico para se tornar devastador. O acidente não é tratado como espetáculo, mas como ruptura: o instante em que vidas são suspensas entre dois mundos. A partir desse episódio, cada personagem passa a carregar não apenas sua história individual, mas o peso coletivo daquele evento, reforçando a ideia de que ninguém atravessa a morte — ou a vida — completamente sozinho.

A Light Shop em si é um símbolo belíssimo: uma loja absurdamente iluminada em meio a um beco escuro, funcionando como fronteira entre a vida e a morte. Won Yeong, o lojista, é o guia silencioso dessa travessia. Enigmático, solitário e profundamente humano, ele não impõe caminhos — apenas ajuda as almas a enxergarem sua própria luz. Sua história, que aos poucos deixa de ser coadjuvante para ganhar centralidade emocional, é uma das mais tocantes do drama e talvez a que mais sintetiza sua mensagem: nem sempre quem guia está ileso à dor.

O drama trata a morte com um respeito raro. A abordagem do culto de três dias, o cuidado com o corpo e com a alma, e a noção de que esquecer ou lembrar são escolhas fundamentais, revelam um olhar sensível da cultura asiática sobre o luto. Os fantasmas aqui não são apenas entidades sobrenaturais, mas manifestações do apego, do amor não resolvido e da recusa em seguir em frente. Alguns escolhem acordar para a vida; outros, permanecer presos àquilo que não conseguiram deixar ir.

Entre tantas histórias marcantes, a de Lee Ji Yeong é particularmente dilacerante. Sua dor — física e emocional — atravessa a narrativa como uma ferida aberta. A relação com Hyun Min, permeada por silêncios, mal-entendidos e escolhas tardias, é o retrato cruel do amor que não encontrou tempo suficiente. A ideia de que ela talvez tenha acreditado não ser amada, mesmo até o fim, torna sua trajetória ainda mais trágica. Em Light Shop, nem todo amor é redentor — alguns apenas permanecem, assombrando.

Visualmente, o drama é um espetáculo contido e elegante. A fotografia de Kim Hae Won transforma o escuro em linguagem emocional, enquanto a trilha sonora sustenta o tom melancólico sem jamais soar excessiva. O roteiro de Kang Full, já conhecido por Moving, confirma sua habilidade em criar universos interligados, sugerindo algo maior sem comprometer a força da história individual. As atuações — especialmente de Ju Ji Hoon, Kim Seol Hyun, Park Bo Young e Uhm Tae Goo — elevam ainda mais a experiência, tornando cada silêncio tão eloquente quanto qualquer diálogo.

No fim, Light Shop não é apenas um drama sobre a vida após a morte, mas sobre o que fazemos enquanto estamos vivos. Sobre conexões, escolhas e a coragem de seguir em frente. Para mim, ele ocupa um lugar muito especial, ao lado de The Good Bad Mother e Se a Vida Te Der Tangerinas — três obras que transcendem o entretenimento e se tornam experiências profundamente humanas. Light Shop é dor, é beleza, é reflexão. Uma luz suave que permanece acesa muito depois que os créditos finais sobem.

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Completed
The Good Bad Mother
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7 days ago
14 of 14 episodes seen
Completed 0
Overall 10
Story 10
Acting/Cast 10
Music 10
Rewatch Value 10
The Good Bad Mother é uma daquelas histórias que não se impõem pelo excesso de drama, mas pela verdade emocional que carrega. O dorama parte de uma relação aparentemente simples — mãe e filho — para construir algo muito maior: um retrato delicado sobre como o amor pode machucar quando não sabe se expressar, e como ele também pode curar quando encontra uma segunda chance. A série não se preocupa em rotular sentimentos como certos ou errados; ela prefere mostrar que, muitas vezes, amar é errar tentando proteger.

A trajetória de Choi Kang-Ho é o reflexo de uma criação marcada pela sobrevivência. Criado por uma mãe rígida, moldado pela dor, pela pobreza e pelo medo de perder tudo, ele cresce acreditando que afeto é fraqueza e que sucesso é a única forma de justificar a própria existência. O dorama constrói essa personalidade sem pressa, deixando claro que sua frieza não nasce da falta de amor, mas do excesso dele — um amor que não soube ser gentil.

Quando a narrativa provoca uma ruptura em sua vida adulta, The Good Bad Mother transforma o que poderia ser apenas um artifício dramático em uma poderosa metáfora: a ideia de reaprender a viver, sentir e se relacionar. É nesse ponto que a história deixa de ser apenas sobre passado e passa a falar sobre recomeço, sobre o quanto somos moldados por quem nos criou e o quanto ainda podemos nos reconstruir, mesmo quando acreditamos que já é tarde demais.

Lee Do-Hyun entrega uma atuação profundamente sensível, que sustenta toda essa complexidade emocional. Seu trabalho não está nos grandes discursos, mas nos silêncios, nos olhares e nas pequenas reações. Ele consegue traduzir vulnerabilidade sem caricatura e dor sem exagero, fazendo com que o público enxergue não apenas um personagem, mas um ser humano fragmentado tentando se entender. É uma atuação que toca porque parece real.

Ra Mi-Ran, por sua vez, constrói uma das figuras maternas mais complexas e honestas dos doramas recentes. Sua personagem não é idealizada: ela erra, endurece, machuca — mas ama de forma absoluta. O texto não a absolve nem a condena; apenas a humaniza. E é justamente nessa humanidade que mora a força da série: entender que muitas mães fizeram o melhor que puderam com as ferramentas emocionais que tinham.

Ao longo dos episódios, o dorama propõe uma reflexão silenciosa sobre culpa e arrependimento. Ele nos lembra que palavras não ditas pesam tanto quanto as ditas com dureza, e que o tempo, quando passa, não apaga feridas — apenas nos obriga a conviver com elas. Há momentos em que o desconforto é inevitável, porque a série nos coloca diante de espelhos: quantas vezes também fomos ausentes, duros ou injustos com quem nos amava?

Mesmo tratando de temas densos, The Good Bad Mother encontra equilíbrio ao inserir humor sutil, relações comunitárias calorosas e pequenos gestos de cuidado. Esses elementos não aliviam a dor, mas mostram que a vida continua acontecendo apesar dela. O dorama entende que a cura não vem de grandes revelações, mas de repetições simples: cuidar, insistir, permanecer.

No fim, The Good Bad Mother é uma obra sobre reconciliação — não apenas entre mãe e filho, mas com a própria história. Ele ensina que ninguém é apenas bom ou ruim, que amar nem sempre significa acertar, e que revisitar o passado pode ser doloroso, mas também libertador. É um dorama que fica, porque não tenta ensinar lições prontas; ele apenas nos convida a sentir, refletir e, talvez, olhar com mais gentileza para quem fomos e para quem nos criou.

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Completed
Culinary Class Wars
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11 days ago
12 of 12 episodes seen
Completed 0
Overall 8.0
Story 8.5
Acting/Cast 8.0
Music 8.0
Rewatch Value 7.5
Culinary Class Wars se apresentou como um respiro dentro do universo saturado dos realities culinários, justamente por apostar menos no melodrama forçado e mais na tensão real da competição. Em vez de explorar histórias excessivamente tristes ou conflitos fabricados, o programa manteve o foco na comida, nos desafios e na hierarquia implícita do mundo gastronômico coreano. O formato foi um dos seus maiores trunfos: dinâmico, conciso e extremamente eficiente em criar ganchos de episódio que despertavam aquela necessidade quase física de apertar “próximo episódio” assim que os créditos subiam.

Mesmo sendo evidente que parte do programa era roteirizada — algo praticamente inevitável no gênero —, o envolvimento do público não se perdeu. Ainda que o vencedor final tenha causado certa frustração, especialmente pela postura arrogante desde os primeiros episódios e pela sensação de que sua trajetória até o top 8 parecia protegida, o saldo foi positivo. O brilho do programa esteve menos no resultado final e mais no percurso: nos chefs apresentados, na diversidade de trajetórias e no contato com estilos culinários que iam muito além da alta gastronomia tradicional.

A divisão entre “Colheres Pretas” e “Colheres Brancas” foi uma escolha narrativa poderosa. De um lado, chefs renomados, premiados e já consagrados; do outro, cozinheiros autodidatas, vendedores ambulantes e profissionais de restaurantes simples, lutando por reconhecimento. Essa hierarquia explícita nunca soou cruel, mas deixou claro como status, ego e validação social influenciam o mundo da culinária. Torcer pelos azarões tornou-se quase inevitável, especialmente quando um Colher Preta superava um Colher Branca e a reação de choque evidenciava o quanto a derrota feria mais o orgulho do que qualquer outra coisa.

Entre os desafios, o Desafio dos Olhos Vendados se destacou como um dos momentos mais brilhantes da temporada. Ao retirar a visão — e, com ela, parte do preconceito visual e simbólico —, o programa nivelou o jogo e expôs o nervosismo dos chefs profissionais quando sua vantagem diminuiu. A “Culinária Infinita” também foi um ponto alto, ao exigir criatividade extrema a partir de um ingrediente banal, revelando quem realmente dominava técnica, sabor e reinvenção. Em contraste, a final foi decepcionante e anticlimática, falhando em demonstrar a amplitude das habilidades dos finalistas e deixando a sensação de uma oportunidade desperdiçada.

A edição, no entanto, foi o aspecto mais problemático do programa. Ficou evidente como o tempo de tela moldava a percepção do público sobre quem avançaria, tornando previsíveis os finalistas. Algumas participantes femininas, especialmente entre os Colheres Pretas, foram claramente subaproveitadas, apesar de desempenhos consistentes e inspiradores. Rivalidades, conflitos de interesse e decisões questionáveis — como segundas chances seletivas e o uso de produtos ligados a jurados — enfraqueceram a sensação de imparcialidade e reforçaram a impressão de manipulação narrativa.

Ainda assim, o programa acertou ao humanizar muitos de seus chefs. Figuras como Cooking Maniac emocionaram com suas histórias de vida, enquanto Edward Lee se destacou não apenas pelo talento, mas pela humildade rara em competições desse porte. Sua penalização por um nome de prato — e não pelo sabor — escancarou um elitismo culinário incômodo, mas também coerente com o universo que o programa se propôs a retratar. Jung Ji Seon, por sua vez, representou com força a persistência feminina em um ambiente historicamente dominado por homens, mesmo quando sua postura dividia opiniões.

No fim, Culinary Class Wars funciona menos como uma busca perfeita pelo “melhor chef” e mais como um retrato honesto das tensões, desigualdades e paixões que movem a gastronomia. Apesar das falhas, das decisões questionáveis e de um desfecho artificial, assistir aos chefs cozinhando, errando, se superando e buscando reconhecimento foi emocionante e genuinamente divertido. O programa prova que, quando a comida ocupa o centro do palco, não é preciso exagerar no drama: o ato de cozinhar já é, por si só, espetáculo suficiente.

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Completed
The Call
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20 days ago
Completed 0
Overall 8.5
Story 8.5
Acting/Cast 8.5
Music 8.0
Rewatch Value 8.0
Desde os primeiros minutos, A Ligação conquista pelo conceito audacioso e original: duas mulheres vivendo em épocas distintas — uma em 2019 e outra em 1999 — são conectadas por um telefone numa mesma casa. A premissa já carrega uma promessa forte de mistério, tensão e possibilidade de reviravoltas. Essa comunicação entre passado e presente, com consequências enormes para ambas, me impressionou: a ideia de usar um telefone antigo como ponte temporal é simples, mas poderosa — e o filme explora isso com inteligência.

A ambientação e a atmosfera visual também merecem destaque. A casa antiga, repleta de sombras, corredores escuros e cantos que parecem esconder segredos, cria um clima claustrofóbico e inquietante, perfeito para o gênero suspense/terror psicológico. Essa estética — com jogos de luz e sombra, cenários opressivos e detalhes que remetem ao terror clássico — funciona como personagem: você sente que não está apenas assistindo, mas participando de algo perturbador e imprevisível.

As atuações são outro ponto alto. Park Shin‑hye entrega a protagonista Seo-yeon com nuances de dor, culpa, fragilidade e coragem — uma jovem marcada pelo passado, buscando redenção, que aos poucos se vê envolvida em algo muito maior e mais sombrio do que imaginava. Já Jeon Jong‑seo comanda a outra ponta da história com intensidade e instabilidade — sua Young-sook transita entre vítima, manipuladora e ameaça real, mantendo o espectador sempre apreensivo sobre o que vai acontecer. A dualidade entre ambas cria tensão constante e imprevisibilidade.

O roteiro merece aplausos por mesclar com competência suspense, horror psicológico, tragédia familiar e ficção científica (via viagem no tempo/efeito borboleta). A história não se contenta em apenas assustar: ela provoca, questiona, joga com culpa, arrependimento, memória e trauma — quando uma tenta mudar o passado para salvar ou reconstruir sua vida, as consequências são imprevisíveis, dolorosas e perturbadoras. Isso torna A Ligação mais do que um filme de terror: é um thriller existencial, capaz de fazer o espectador refletir sobre destino, culpa e as ramificações de mexer com o tempo.

O ritmo, apesar de sofrer momentos mais pausados — especialmente no início —, se equilibra ao longo do filme de forma que a tensão vai crescendo de forma quase imperceptível até explodir num crescendo dramático e sombrio. A paciência que o filme exige logo se justifica: os momentos mais calmos funcionam como preparação para o caos emocional que virá, e quando as reviravoltas chegam, o impacto é real.

Para mim, o mérito maior de A Ligação está em sua coragem narrativa: o filme não teme arriscar, não opta pelo caminho fácil. Ele joga com horror, culpa, destino e consequências — e muitas vezes pune os personagens pelas escolhas feitas. Não oferece conforto: oferece desconforto real, angústia, questionamentos. E esse tipo de cinema mais “incômodo” costuma ser o mais memorável.

Por fim: A Ligação é, sem dúvida, um dos melhores thrillers recentes da Netflix — sobretudo entre os filmes coreanos de suspense/terror. Ele consegue ser assustador, inteligente, emotivo e perturbador ao mesmo tempo. Quem procura um filme que vai além do susto fácil, que mexe com alma e mente, com certeza vai sair impactado. Eu definitivamente indicaria para quem gosta de tensão psicológica, reviravoltas e histórias com profundidade — e, ao mesmo tempo, não tem medo de encarar violência, dor e consequências.

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Completed
The Housemaid
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25 days ago
Completed 0
Overall 4.0
Story 4.0
Acting/Cast 5.0
Music 4.0
Rewatch Value 1.0
“The Housemaid” (2010) foi, sinceramente, uma das minhas maiores decepções com o cinema coreano. Eu comecei o filme esperando tensão, provocação, profundidade psicológica e aquela força narrativa típica dos thrillers da Coreia do Sul — e não encontrei nada disso. O que encontrei foi um filme lento, arrastado, visualmente bonito mas emocionalmente vazio, que parecia mais interessado em criar cenas estéticas do que desenvolver uma história envolvente.

A trama até tinha potencial: uma empregada pobre que entra no universo de uma família rica, um caso proibido, manipulação e abuso de poder. Mas, para mim, tudo foi contado de um jeito fraco e pouco convincente. A narrativa nunca engrena de verdade. As motivações dos personagens são rasas, as atitudes parecem jogadas ali sem preparação, e muitas cenas que deveriam criar tensão acabam só prolongando o cansaço. Faltou impacto, faltou coerência, faltou alma.

Eu também achei o ritmo um problema enorme. O filme se arrasta entre conversas que não acrescentam, situações repetitivas e momentos que deveriam intensificar o drama, mas só tornam a experiência mais lenta. Há longas cenas silenciosas que não constroem nada, não aprofundam ninguém e não preparam o terreno para os acontecimentos mais fortes. A sensação é de estar esperando um grande acontecimento que nunca vem — e quando vem, chega tarde e mal justificado.

Um ponto que me incomodou muito foi a construção da protagonista. A atriz é ótima, isso não discuto, mas a personagem parece não ter profundidade emocional. Ela reage, sofre, faz escolhas extremas, mas tudo sem um desenvolvimento psicológico que me faça entender o porquê. Eu não consigo sentir conexão, nem empatia, nem acreditar nas atitudes dela. Parece que ela existe só para ser empurrada de um evento para outro, sem uma linha emocional sólida.

E aí chegamos ao final, que para mim foi simplesmente horrível e sem sentido. É exagerado, dramático por pura vontade de chocar, e não conversa com o tom da história. Nada no filme prepara emocionalmente para aquele desfecho, então quando acontece, em vez de impacto, eu senti foi estranhamento. A cena final, principalmente, me tirou totalmente do filme. Parecia que tinham pegado outro roteiro e colocado ali de última hora. Foi tão aleatório que eu só consegui pensar: “Era isso?”.

A família rica também é totalmente caricata e artificial. Em vez de gerar repulsa por serem moralmente podres, eles geram irritação por não parecerem reais. São personagens frios, previsíveis, mal escritos, e isso enfraquece a dinâmica inteira da história. Um bom antagonista eleva o conflito. Aqui, eles só tornam o filme mais artificial e distante.

E mesmo reconhecendo que o filme tem fotografia bonita, direção de arte elegante e boas atuações isoladas, nada disso compensa o vazio narrativo que senti do começo ao fim. Forma não sustenta um filme quando falta conteúdo. E, para mim, “The Housemaid” é o típico caso de obra que parece profunda, mas quanto mais você olha, mais superficial ela é.

No fim, eu realmente odiei o filme. Foi o pior coreano que já vi, porque mistura tudo que considero problemático: história fraca, ritmo lento, personagens mal desenvolvidos e um final completamente sem sentido. Para mim, foi uma decepção completa — e um filme que não recomendaria para ninguém.

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