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  • Last Online: 11 hours ago
  • Gender: Male
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  • Join Date: July 16, 2025

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Culinary Class Wars korean drama review
Completed
Culinary Class Wars
0 people found this review helpful
by pedrinhoomota_
12 days ago
12 of 12 episodes seen
Completed
Overall 8.0
Story 8.5
Acting/Cast 8.0
Music 8.0
Rewatch Value 7.5
Culinary Class Wars se apresentou como um respiro dentro do universo saturado dos realities culinários, justamente por apostar menos no melodrama forçado e mais na tensão real da competição. Em vez de explorar histórias excessivamente tristes ou conflitos fabricados, o programa manteve o foco na comida, nos desafios e na hierarquia implícita do mundo gastronômico coreano. O formato foi um dos seus maiores trunfos: dinâmico, conciso e extremamente eficiente em criar ganchos de episódio que despertavam aquela necessidade quase física de apertar “próximo episódio” assim que os créditos subiam.

Mesmo sendo evidente que parte do programa era roteirizada — algo praticamente inevitável no gênero —, o envolvimento do público não se perdeu. Ainda que o vencedor final tenha causado certa frustração, especialmente pela postura arrogante desde os primeiros episódios e pela sensação de que sua trajetória até o top 8 parecia protegida, o saldo foi positivo. O brilho do programa esteve menos no resultado final e mais no percurso: nos chefs apresentados, na diversidade de trajetórias e no contato com estilos culinários que iam muito além da alta gastronomia tradicional.

A divisão entre “Colheres Pretas” e “Colheres Brancas” foi uma escolha narrativa poderosa. De um lado, chefs renomados, premiados e já consagrados; do outro, cozinheiros autodidatas, vendedores ambulantes e profissionais de restaurantes simples, lutando por reconhecimento. Essa hierarquia explícita nunca soou cruel, mas deixou claro como status, ego e validação social influenciam o mundo da culinária. Torcer pelos azarões tornou-se quase inevitável, especialmente quando um Colher Preta superava um Colher Branca e a reação de choque evidenciava o quanto a derrota feria mais o orgulho do que qualquer outra coisa.

Entre os desafios, o Desafio dos Olhos Vendados se destacou como um dos momentos mais brilhantes da temporada. Ao retirar a visão — e, com ela, parte do preconceito visual e simbólico —, o programa nivelou o jogo e expôs o nervosismo dos chefs profissionais quando sua vantagem diminuiu. A “Culinária Infinita” também foi um ponto alto, ao exigir criatividade extrema a partir de um ingrediente banal, revelando quem realmente dominava técnica, sabor e reinvenção. Em contraste, a final foi decepcionante e anticlimática, falhando em demonstrar a amplitude das habilidades dos finalistas e deixando a sensação de uma oportunidade desperdiçada.

A edição, no entanto, foi o aspecto mais problemático do programa. Ficou evidente como o tempo de tela moldava a percepção do público sobre quem avançaria, tornando previsíveis os finalistas. Algumas participantes femininas, especialmente entre os Colheres Pretas, foram claramente subaproveitadas, apesar de desempenhos consistentes e inspiradores. Rivalidades, conflitos de interesse e decisões questionáveis — como segundas chances seletivas e o uso de produtos ligados a jurados — enfraqueceram a sensação de imparcialidade e reforçaram a impressão de manipulação narrativa.

Ainda assim, o programa acertou ao humanizar muitos de seus chefs. Figuras como Cooking Maniac emocionaram com suas histórias de vida, enquanto Edward Lee se destacou não apenas pelo talento, mas pela humildade rara em competições desse porte. Sua penalização por um nome de prato — e não pelo sabor — escancarou um elitismo culinário incômodo, mas também coerente com o universo que o programa se propôs a retratar. Jung Ji Seon, por sua vez, representou com força a persistência feminina em um ambiente historicamente dominado por homens, mesmo quando sua postura dividia opiniões.

No fim, Culinary Class Wars funciona menos como uma busca perfeita pelo “melhor chef” e mais como um retrato honesto das tensões, desigualdades e paixões que movem a gastronomia. Apesar das falhas, das decisões questionáveis e de um desfecho artificial, assistir aos chefs cozinhando, errando, se superando e buscando reconhecimento foi emocionante e genuinamente divertido. O programa prova que, quando a comida ocupa o centro do palco, não é preciso exagerar no drama: o ato de cozinhar já é, por si só, espetáculo suficiente.
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