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Dear X korean drama review
Completed
Dear X
2 people found this review helpful
by pedrinhoomota_
20 days ago
12 of 12 episodes seen
Completed 2
Overall 7.0
Story 7.0
Acting/Cast 9.0
Music 6.5
Rewatch Value 6.0
Dear X começa como um drama promissor, envolto em atmosfera sombria, trilha elegante e uma protagonista feminina rara nos k-dramas: complexa, falha e moralmente duvidosa. Nos primeiros oito episódios, a narrativa se sustenta bem — não perfeita, mas coerente — ao construir um retrato psicológico de Ah-Jin e do mundo tóxico que ela mesma alimenta. Há tensão, estética, atuações excelentes e a sensação de que o drama está preparando um arco consistente de queda e possível redenção. É justamente por isso que a segunda metade se torna tão frustrante: tudo aquilo que foi construído com cuidado é abruptamente descartado.

A partir do episódio 9, Dear X parece trocar de gênero, de direção e até de objetivo. A série abandona sua abordagem psicológica e passa a depender de choques gratuitos. O antagonista novo surge abruptamente, sem qualquer preparação narrativa, parecendo pertencer a outro drama — mais caricatural, mais raso e infinitamente menos interessante. Sua presença não expande a história, não aprofunda Ah-Jin e não cria conflito orgânico; é apenas um dispositivo para forçar tragédia e manipular a trama rumo a um desfecho mais “impactante”, ainda que totalmente desconectado do que veio antes.

Ah-Jin, por sua vez, perde qualquer coerência interna. A personagem construída até o episódio 8 — fria, manipuladora, mas não desprovida de humanidade — é substituída por uma figura quase aleatória, que comete atrocidades de maneira mecânica, sem dilema, sem motivação emocional, sem lógica psicológica. O arco de redenção insinuado antes desaparece, assim como a conexão afetiva com Joon-Soo e o vínculo emocional silencioso com Jae-Oh. De protagonista complexa, ela se torna apenas um dispositivo narrativo para empurrar a história rumo a um abismo sem propósito.

A morte de Jae-Oh é o ponto que mais gerou revolta — e com razão. Não só é trágica e brutal, como é inútil, narrativa e emocionalmente. Ele era um dos poucos personagens com humanidade real, alguém que oferecia contraste com o caos ao redor. Sua morte não gera mudança, não provoca reflexão e não altera o rumo de Ah-Jin: acontece apenas para chocar. Isso torna seu sacrifício raso e desrespeitoso para com a complexidade que o drama parecia querer construir em seus primeiros capítulos.

Joon-Soo, outro personagem que deveria ser o contrapeso moral da protagonista, também sofre um apagamento de personalidade. Tudo que ele construiu ao longo da narrativa — sua firmeza, sua lealdade, seu desejo de salvar Ah-Jin de si mesma — é comprometido quando o roteiro o força a agir de maneiras absurdas, incluindo a cena do penhasco. É como se o drama tivesse decidido que, para intensificar a tragédia, precisava destruir completamente qualquer coerência dos personagens, mesmo que isso sacrificasse o que fazia o início da série funcionar.

O resultado é que Dear X se torna uma obra narrativamente partida ao meio. A primeira parte é envolvente, elegante e emocionalmente rica; a segunda é caótica, apressada e cruel sem motivo. O final aberto, longe de ser intrigante, parece apenas preguiçoso ou indeciso — quase como se a série quisesse deixar espaço para uma segunda temporada, mas ao mesmo tempo tivesse destruído todos os pilares dramáticos que tornariam isso interessante. O sentimento predominante é o de perda: perda de potencial, de coerência e do impacto emocional que a história poderia ter tido.

Ainda assim, há méritos. As atuações — especialmente de Kim Yoo-Jung — são impecáveis, e a química entre os leads é forte o suficiente para manter o público investido mesmo nos piores momentos do roteiro. Mas, no geral, Dear X se revela um drama que começa com brilho e termina em ruínas. Poderia ter sido um estudo fascinante sobre ambição, trauma e destruição — algo na linha de The Glory — mas escolhe o caminho mais fácil: exagero, sofrimento gratuito e reviravoltas que não respeitam nem seus próprios personagens. Um potencial desperdiçado que deixa mais frustração do que satisfação.
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