Details

  • Last Online: 11 hours ago
  • Gender: Male
  • Location: Brasil
  • Contribution Points: 0 LV0
  • Roles:
  • Join Date: July 16, 2025

Friends

Light Shop korean drama review
Completed
Light Shop
0 people found this review helpful
by pedrinhoomota_
4 days ago
8 of 8 episodes seen
Completed
Overall 10
Story 10.0
Acting/Cast 10.0
Music 9.0
Rewatch Value 10.0
Light Shop – Entre a vida e a morte é um daqueles dramas que não se explicam facilmente; eles se sentem. Mesmo meses depois de terminar, permanece ecoando, como uma luz que não se apaga completamente. Desde o primeiro episódio, com sua atmosfera densa e quase sufocante, o drama deixa claro que não tem pressa. A repetição da cena do homem descendo do ônibus e da mulher com a mala, aguardando ser lembrada, já anuncia o tom: aqui, memória é existência. Embora o início pareça lento, essa lentidão não é defeito — é convite. Um pedido silencioso para que o espectador desacelere, observe e permita que a história cresça dentro de si.

Ao longo de apenas oito episódios, Light Shop constrói um mosaico humano impressionante. São doze personagens, cada um carregando dores, arrependimentos, amores interrompidos e escolhas inacabadas. Nem todas as respostas vêm prontas, e isso é uma das maiores virtudes da obra. O roteiro não entrega certezas, mas provoca reflexões: sobre o que faríamos se tivéssemos uma última chance, sobre o peso das decisões e sobre aquilo que nos prende — ou nos liberta — da vida. Não parece um final aberto, mas sim um espelho, devolvendo ao espectador suas próprias crenças sobre vida, morte e continuidade.

O episódio 5, que revela o acidente de ônibus, funciona como um ponto de virada emocional e narrativo. Tudo o que antes parecia fragmentado ganha contorno e sentido. É ali que o drama deixa de ser apenas atmosférico para se tornar devastador. O acidente não é tratado como espetáculo, mas como ruptura: o instante em que vidas são suspensas entre dois mundos. A partir desse episódio, cada personagem passa a carregar não apenas sua história individual, mas o peso coletivo daquele evento, reforçando a ideia de que ninguém atravessa a morte — ou a vida — completamente sozinho.

A Light Shop em si é um símbolo belíssimo: uma loja absurdamente iluminada em meio a um beco escuro, funcionando como fronteira entre a vida e a morte. Won Yeong, o lojista, é o guia silencioso dessa travessia. Enigmático, solitário e profundamente humano, ele não impõe caminhos — apenas ajuda as almas a enxergarem sua própria luz. Sua história, que aos poucos deixa de ser coadjuvante para ganhar centralidade emocional, é uma das mais tocantes do drama e talvez a que mais sintetiza sua mensagem: nem sempre quem guia está ileso à dor.

O drama trata a morte com um respeito raro. A abordagem do culto de três dias, o cuidado com o corpo e com a alma, e a noção de que esquecer ou lembrar são escolhas fundamentais, revelam um olhar sensível da cultura asiática sobre o luto. Os fantasmas aqui não são apenas entidades sobrenaturais, mas manifestações do apego, do amor não resolvido e da recusa em seguir em frente. Alguns escolhem acordar para a vida; outros, permanecer presos àquilo que não conseguiram deixar ir.

Entre tantas histórias marcantes, a de Lee Ji Yeong é particularmente dilacerante. Sua dor — física e emocional — atravessa a narrativa como uma ferida aberta. A relação com Hyun Min, permeada por silêncios, mal-entendidos e escolhas tardias, é o retrato cruel do amor que não encontrou tempo suficiente. A ideia de que ela talvez tenha acreditado não ser amada, mesmo até o fim, torna sua trajetória ainda mais trágica. Em Light Shop, nem todo amor é redentor — alguns apenas permanecem, assombrando.

Visualmente, o drama é um espetáculo contido e elegante. A fotografia de Kim Hae Won transforma o escuro em linguagem emocional, enquanto a trilha sonora sustenta o tom melancólico sem jamais soar excessiva. O roteiro de Kang Full, já conhecido por Moving, confirma sua habilidade em criar universos interligados, sugerindo algo maior sem comprometer a força da história individual. As atuações — especialmente de Ju Ji Hoon, Kim Seol Hyun, Park Bo Young e Uhm Tae Goo — elevam ainda mais a experiência, tornando cada silêncio tão eloquente quanto qualquer diálogo.

No fim, Light Shop não é apenas um drama sobre a vida após a morte, mas sobre o que fazemos enquanto estamos vivos. Sobre conexões, escolhas e a coragem de seguir em frente. Para mim, ele ocupa um lugar muito especial, ao lado de The Good Bad Mother e Se a Vida Te Der Tangerinas — três obras que transcendem o entretenimento e se tornam experiências profundamente humanas. Light Shop é dor, é beleza, é reflexão. Uma luz suave que permanece acesa muito depois que os créditos finais sobem.
Was this review helpful to you?