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Cashero korean drama review
Completed
Cashero
5 people found this review helpful
by pedrinhoomota_
3 days ago
8 of 8 episodes seen
Completed
Overall 8.0
Story 8.0
Acting/Cast 9.0
Music 7.0
Rewatch Value 5.0
Cashero não é um drama com uma premissa ruim — pelo contrário. A ideia de um protagonista cuja força sobre-humana só funciona quando ele está segurando dinheiro vivo, e que literalmente perde suas economias ao usá-la, é brilhante em conceito. Em um país como a Coreia do Sul, onde o peso da escada imobiliária, da estabilidade financeira e do futuro conjugal sufoca uma geração inteira, isso poderia ter sido uma metáfora poderosa sobre sacrifício, sobrevivência e identidade. O dilema entre “ter alma ou ter um futuro” estava todo ali, pronto para ser explorado. Mas o roteiro simplesmente não teve paciência — nem coragem — de ir fundo.

O maior problema de Cashero é sua pressa em se transformar em um thriller genérico. Antes mesmo da metade do segundo episódio, o que deveria ser uma fonte constante de tensão — a escassez de dinheiro — é convenientemente anulada quando Sang-ung recebe uma sacola de dinheiro inesperada. A partir daí, a série perde seu principal motor dramático. A angústia financeira vira detalhe, a novidade se esgota rapidamente e a história passa a sobreviver de situações rasas, piadas ocasionais e conflitos sem peso real. É uma escolha preguiçosa, que esvazia completamente o potencial da proposta inicial.

Essa superficialidade se reflete também no relacionamento central. Somos informados de que Sang-ung e Min-suk estão juntos há nove anos, mas a série jamais nos faz sentir isso. Não há intimidade, história compartilhada ou química emocional. O relacionamento, que deveria ser o coração do drama, é tratado quase como um obstáculo narrativo. Ironicamente, Min-suk acaba sendo a personagem mais humana da trama: sua frustração constante com a estagnação financeira é absolutamente legítima. Depois de quase uma década parada no mesmo lugar, querer um apartamento digno e uma vida melhor não é egoísmo — é sobrevivência. O problema é que a atuação sem energia e o roteiro raso transformam esse conflito realista em algo que soa como mera reclamação, desperdiçando um drama emocional que poderia ter sido devastador.

A incoerência emocional do roteiro chega a ser ofensiva em alguns momentos. Sang-ung reage com horror genuíno ao ver civis morrendo em uma cena, como se seu mundo tivesse desmoronado — e, no corte seguinte, está em casa sorrindo para a namorada adormecida, como se tivesse tido um dia comum. Não há transição, reflexão ou consequência emocional. Isso quebra completamente qualquer tentativa de imersão e passa a sensação de que a série não se importa com o impacto psicológico dos eventos que ela mesma cria.

Os personagens secundários até apresentam ideias divertidas — como Byeon Ho-in atravessando paredes quando está bêbado ou Bang Eun-mi usando telecinese com lanches — mas são largados pelo caminho. Eles existem apenas como ferramentas narrativas, nunca como pessoas. No fim, todos orbitam um protagonista que, infelizmente, é pouco mais que um recorte de papelão: sem carisma, sem conflito interno consistente e sem evolução real.

Visualmente e estruturalmente, Cashero tenta misturar crítica social, super-heróis e humor, mas faz isso sem sutileza alguma. O dinheiro nunca parece realmente importar, nunca pesa como deveria. As cenas de luta são exageradas, tratadas como vida ou morte, mas vazias de significado. Em vários momentos, é difícil se importar com quem vence — ou sequer entender por que aquela luta está acontecendo. Os vilões, por sua vez, são fracos, pouco ameaçadores e mal desenvolvidos, o que só reforça a sensação de que nada ali tem consequências reais.

A comparação com Moving é inevitável — e cruel. Enquanto Moving conseguiu humanizar seus super-heróis, mostrando pessoas comuns lidando com poderes extraordinários, Cashero falha em criar qualquer vínculo emocional. Nenhum personagem desperta empatia genuína. Se todos desaparecessem da história, dificilmente o espectador sentiria algo. Falta carisma, falta calor humano, falta propósito.

Ainda assim, Cashero não chega a ser o pior drama já feito. Ele é… assistível. Funciona como entretenimento leve, quase como um ruído de fundo para quem quer algo passando enquanto descansa. Não dói assistir, mas também não deixa nada depois que acaba. É um drama que troca profundidade por conveniência, crítica social por clichês, e potencial por pressa.

No fim, fica a sensação frustrante de oportunidade desperdiçada. Cashero podia ter sido uma reflexão afiada sobre dinheiro, amor, sacrifício e poder em uma sociedade desigual. Escolheu ser superficial. Dá pra assistir? Dá. Mas poderia — e deveria — ter sido muito melhor.
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