Se a Vida Te Der Tangerinas é, sem exageros, uma das obras mais emocionantes e completas que já assisti. Dirigido por Kim Won-seok e roteirizado por Lim Sang-choon, o dorama nos presenteia com uma narrativa que atravessa décadas — da década de 1950 até os anos 2000 — e nos leva da bucólica Ilha de Jeju à movimentada Seul. Contado em quatro partes que seguem as estações do ano, o drama constrói uma linha do tempo não linear e profundamente emocional, onde passado e presente se entrelaçam para formar um retrato vívido da vida, da memória e do amor silencioso que sustenta tudo isso.
A história gira em torno de Ae-sun, uma jovem nascida em Jeju que sonha em ser poetisa. Apesar da realidade dura, da pobreza e da rigidez de sua época, ela insiste em desejar mais da vida — e, ao seu lado, está Gwan-sik, um jovem calado, pescador, dedicado, que a ama com firmeza desde a juventude. O que poderia parecer um romance simples se transforma em algo muito maior: um testemunho de companheirismo, sacrifício, dor, escolhas não feitas e amores que amadurecem ao longo do tempo. A história não se limita ao amor romântico — ela é, acima de tudo, sobre o amor em sua forma mais bruta e constante: aquele que permanece, mesmo quando a vida não é justa.
A direção é um dos grandes destaques do dorama. A escolha pela contemplação e pelos silêncios é extremamente acertada. A Ilha de Jeju não serve apenas como cenário: ela é parte da alma da narrativa, com suas plantações de tangerinas, seu vento constante e seus contrastes entre dureza e beleza. A fotografia aposta em tons quentes e naturais, enquanto a trilha sonora surge de maneira sutil, respeitando o ritmo dos personagens e amplificando os momentos mais íntimos da trama. É uma experiência sensorial: cada episódio se sente como uma lembrança vivida.
No elenco, IU brilha intensamente ao interpretar Ae-sun na juventude, conferindo à personagem uma força inquieta e poética. Park Bo-gum, como o jovem Gwan-sik, entrega uma performance contida, mas devastadora, carregada de sentimento mesmo nos momentos mais silenciosos. Nas fases mais maduras dos personagens, Moon So-ri e Park Hae-joon assumem os papéis com profundidade e peso emocional, mostrando que o tempo transforma, mas não apaga a essência do que se é. As atuações são tão humanas que nos sentimos observando vidas reais, e não apenas uma ficção.
O dorama também é uma reflexão sobre os sonhos dos nossos pais — e como, muitas vezes, eles os engolem em silêncio para garantir que nós possamos perseguir os nossos. Ae-sun, por anos, guarda a poesia dentro de si, ocupada em sustentar a casa, cuidar da família, sobreviver. Gwan-sik, por sua vez, vive com a frustração de nunca ter conseguido aliviar o peso da vida da mulher que ama. No final, quando ele está prestes a partir, pede perdão por não ter feito mais por ela — e ela responde que, graças a ele, nunca esteve sozinha. É impossível ouvir essa troca sem se comover. Pouco depois, Ae-sun finalmente publica seu poema, encerrando o ciclo de uma vida inteira com dignidade, beleza e amor.
Se a Vida Te Der Tangerinas é um dorama que toca em profundidades raras. Ele fala de tempo, de luto, de sonhos esquecidos, da juventude que passa rápido demais e da coragem necessária para amar alguém a vida inteira. Mais do que uma história de amor, é uma história sobre permanecer — mesmo quando não se tem mais forças, mesmo quando os sonhos parecem distantes, mesmo quando só resta o silêncio. É, sinceramente, a melhor coisa que já vi. E sei que vai me acompanhar por muitos anos, como uma lembrança doce guardada com carinho — como uma tangerina madura entregue na hora certa
A história gira em torno de Ae-sun, uma jovem nascida em Jeju que sonha em ser poetisa. Apesar da realidade dura, da pobreza e da rigidez de sua época, ela insiste em desejar mais da vida — e, ao seu lado, está Gwan-sik, um jovem calado, pescador, dedicado, que a ama com firmeza desde a juventude. O que poderia parecer um romance simples se transforma em algo muito maior: um testemunho de companheirismo, sacrifício, dor, escolhas não feitas e amores que amadurecem ao longo do tempo. A história não se limita ao amor romântico — ela é, acima de tudo, sobre o amor em sua forma mais bruta e constante: aquele que permanece, mesmo quando a vida não é justa.
A direção é um dos grandes destaques do dorama. A escolha pela contemplação e pelos silêncios é extremamente acertada. A Ilha de Jeju não serve apenas como cenário: ela é parte da alma da narrativa, com suas plantações de tangerinas, seu vento constante e seus contrastes entre dureza e beleza. A fotografia aposta em tons quentes e naturais, enquanto a trilha sonora surge de maneira sutil, respeitando o ritmo dos personagens e amplificando os momentos mais íntimos da trama. É uma experiência sensorial: cada episódio se sente como uma lembrança vivida.
No elenco, IU brilha intensamente ao interpretar Ae-sun na juventude, conferindo à personagem uma força inquieta e poética. Park Bo-gum, como o jovem Gwan-sik, entrega uma performance contida, mas devastadora, carregada de sentimento mesmo nos momentos mais silenciosos. Nas fases mais maduras dos personagens, Moon So-ri e Park Hae-joon assumem os papéis com profundidade e peso emocional, mostrando que o tempo transforma, mas não apaga a essência do que se é. As atuações são tão humanas que nos sentimos observando vidas reais, e não apenas uma ficção.
O dorama também é uma reflexão sobre os sonhos dos nossos pais — e como, muitas vezes, eles os engolem em silêncio para garantir que nós possamos perseguir os nossos. Ae-sun, por anos, guarda a poesia dentro de si, ocupada em sustentar a casa, cuidar da família, sobreviver. Gwan-sik, por sua vez, vive com a frustração de nunca ter conseguido aliviar o peso da vida da mulher que ama. No final, quando ele está prestes a partir, pede perdão por não ter feito mais por ela — e ela responde que, graças a ele, nunca esteve sozinha. É impossível ouvir essa troca sem se comover. Pouco depois, Ae-sun finalmente publica seu poema, encerrando o ciclo de uma vida inteira com dignidade, beleza e amor.
Se a Vida Te Der Tangerinas é um dorama que toca em profundidades raras. Ele fala de tempo, de luto, de sonhos esquecidos, da juventude que passa rápido demais e da coragem necessária para amar alguém a vida inteira. Mais do que uma história de amor, é uma história sobre permanecer — mesmo quando não se tem mais forças, mesmo quando os sonhos parecem distantes, mesmo quando só resta o silêncio. É, sinceramente, a melhor coisa que já vi. E sei que vai me acompanhar por muitos anos, como uma lembrança doce guardada com carinho — como uma tangerina madura entregue na hora certa
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