“Alice in Borderland” se consolida como uma das adaptações mais bem-sucedidas de mangá para live-action dos últimos anos. A produção japonesa da Netflix leva Arisu e seus amigos para um mundo paralelo, silencioso e deserto, onde a sobrevivência depende de vencer jogos que variam de quebra-cabeças mentais a batalhas brutais. Cada prova é marcada por uma carta de baralho, e o naipe indica o tipo de desafio: inteligência, trabalho em equipe, força física ou equilíbrio psicológico. A direção de Shinsuke Sato equilibra espetáculo visual com densidade dramática, explorando tanto a tensão dos jogos quanto a intimidade emocional entre personagens.
O protagonista, Arisu, é um jovem brilhante, mas desmotivado, que encontra sentido justamente em um ambiente onde cada decisão é questão de vida ou morte. Sua trajetória é o fio condutor, mas a série cresce exponencialmente quando Usagi entra em cena – a parceira número um de Arisu. Independente, habilidosa e resiliente, Usagi é mais que uma aliada: ela é a força que puxa Arisu para fora de sua apatia e, ao mesmo tempo, encontra nele um motivo para continuar lutando. A química entre os dois é construída com naturalidade, sem pressa, e funciona como âncora emocional para o espectador.
O elenco secundário também é uma das forças da narrativa. Personagens como Chishiya, com sua inteligência estratégica e comportamento calculista, e Kuina, cuja história de vida adiciona camadas de representatividade e humanidade, ajudam a quebrar o molde típico de “coadjuvantes descartáveis” em tramas de sobrevivência. Até antagonistas, como Niragi, são construídos de forma a causar repulsa, mas também curiosidade, evitando a caricatura. Essa diversidade de personalidades mantém a série fresca e imprevisível.
A segunda temporada expande o escopo, apresentando novos jogos e personagens ainda mais desafiadores, além de aprofundar as perguntas sobre a verdadeira natureza de Borderland. O ritmo se intensifica, e o último episódio entrega um clímax que deixa qualquer fã boquiaberto. A revelação final, somada ao simbolismo do Curinga (Joker), funciona como um golpe de mestre narrativo: amarra várias pontas, mas ao mesmo tempo abre portas para novas interpretações e possibilidades. É aquele tipo de final que te obriga a repensar tudo que assistiu.
Tecnicamente, “Alice in Borderland” mantém um padrão alto: cenografia realista de uma Tóquio pós-apocalíptica, fotografia que alterna a frieza metálica dos jogos com momentos de luz mais quente nas cenas de intimidade, e uma trilha sonora que sabe entrar e sair com precisão cirúrgica. Há, sim, momentos em que a lógica e o realismo são colocados de lado em favor da tensão dramática – algo que poderia ser visto como um defeito. Mas a verdade é que a narrativa, tão bem conduzida, nos faz relevar essas brechas, porque o impacto emocional e o entretenimento superam a exigência de plausibilidade absoluta.
“Alice in Borderland” poderia, sem dúvidas, ter encerrado sua história com perfeição no final da segunda temporada. A conclusão é satisfatória, emocionante e significativa o bastante para servir como um ponto final. No entanto, a presença de elementos como o Curinga sugere que há mais por vir – e, diante da qualidade entregue até agora, a curiosidade pelo que vem à frente é inevitável. No fundo, a série nos lembra que, assim como na vida, não é apenas sobre sobreviver aos jogos, mas sobre o que descobrimos sobre nós mesmos enquanto jogamos.
O protagonista, Arisu, é um jovem brilhante, mas desmotivado, que encontra sentido justamente em um ambiente onde cada decisão é questão de vida ou morte. Sua trajetória é o fio condutor, mas a série cresce exponencialmente quando Usagi entra em cena – a parceira número um de Arisu. Independente, habilidosa e resiliente, Usagi é mais que uma aliada: ela é a força que puxa Arisu para fora de sua apatia e, ao mesmo tempo, encontra nele um motivo para continuar lutando. A química entre os dois é construída com naturalidade, sem pressa, e funciona como âncora emocional para o espectador.
O elenco secundário também é uma das forças da narrativa. Personagens como Chishiya, com sua inteligência estratégica e comportamento calculista, e Kuina, cuja história de vida adiciona camadas de representatividade e humanidade, ajudam a quebrar o molde típico de “coadjuvantes descartáveis” em tramas de sobrevivência. Até antagonistas, como Niragi, são construídos de forma a causar repulsa, mas também curiosidade, evitando a caricatura. Essa diversidade de personalidades mantém a série fresca e imprevisível.
A segunda temporada expande o escopo, apresentando novos jogos e personagens ainda mais desafiadores, além de aprofundar as perguntas sobre a verdadeira natureza de Borderland. O ritmo se intensifica, e o último episódio entrega um clímax que deixa qualquer fã boquiaberto. A revelação final, somada ao simbolismo do Curinga (Joker), funciona como um golpe de mestre narrativo: amarra várias pontas, mas ao mesmo tempo abre portas para novas interpretações e possibilidades. É aquele tipo de final que te obriga a repensar tudo que assistiu.
Tecnicamente, “Alice in Borderland” mantém um padrão alto: cenografia realista de uma Tóquio pós-apocalíptica, fotografia que alterna a frieza metálica dos jogos com momentos de luz mais quente nas cenas de intimidade, e uma trilha sonora que sabe entrar e sair com precisão cirúrgica. Há, sim, momentos em que a lógica e o realismo são colocados de lado em favor da tensão dramática – algo que poderia ser visto como um defeito. Mas a verdade é que a narrativa, tão bem conduzida, nos faz relevar essas brechas, porque o impacto emocional e o entretenimento superam a exigência de plausibilidade absoluta.
“Alice in Borderland” poderia, sem dúvidas, ter encerrado sua história com perfeição no final da segunda temporada. A conclusão é satisfatória, emocionante e significativa o bastante para servir como um ponto final. No entanto, a presença de elementos como o Curinga sugere que há mais por vir – e, diante da qualidade entregue até agora, a curiosidade pelo que vem à frente é inevitável. No fundo, a série nos lembra que, assim como na vida, não é apenas sobre sobreviver aos jogos, mas sobre o que descobrimos sobre nós mesmos enquanto jogamos.
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