Me tocou
Sendo bem sincera, comecei My Rainy Days sem grandes expectativas. Só me interessei quando vi nas tags “age gap” e “forbidden love”, e confesso, a diferença de idade entre os protagonistas me surpreendeu.
Ainda assim, não foi algo que me incomodou, até porque já vi casais com distâncias muito maiores de idade. O curioso é que o filme acabou me conquistando. Achei ótimo, apesar de algumas falhas que impediram uma nota mais alta.
Começando pelos pontos que me incomodaram: quando um filme escala atores medianos em sua totalidade, a gente consegue aceitar melhor a atuação nivelada. O problema é quando se coloca um ator experiente para contracenar com novatos ainda verdes, a disparidade salta aos olhos. E foi exatamente o que aconteceu aqui. O ator que interpreta o professor é um veterano incrível, com presença e sensibilidade de sobra, enquanto o restante do elenco jovem claramente está em início de carreira. Nas cenas em que eles dividem espaço, a diferença de nível fica gritante — não chega a estragar a experiência, mas tira um pouco da imersão.
Outro ponto que pesa negativamente: o roteiro tenta abordar temas demais em pouco tempo. Bullying, suicídio, estupro, aborto, prostituição adolescente, relação proibida, câncer terminal… todos assuntos densos e pesados, que mereciam mais tempo e profundidade para serem tratados com o cuidado necessário. A sensação é que o filme tentou abraçar o mundo e, claro, acabou tratando a maioria dos temas de forma superficial. Tenho certeza que My Rainy Days funcionaria muito melhor no formato de drama.
Também me incomodou a ausência quase total de adultos. Tirando o professor, todos os homens adultos que aparecem são apenas clientes da prostituição adolescente, o que cria uma visão distorcida e incômoda do mundo adulto. E onde estavam os pais dessas meninas? Às vezes parecia que todas moravam sozinhas, completamente emancipadas. Nem na escola vemos qualquer autoridade além dos alunos. Isso tudo contribuiu para uma “adultificação” das adolescentes, muitas vezes retratadas como mulheres independentes, o que cria um tom estranho diante da história que se quer contar.
Mas apesar de tudo isso, eu gostei muito do filme.
A fotografia é linda, tem aquele estilo dramático, típico do cinema japonês, bem trabalhado e esteticamente agradável. Jamais diria que é um filme de 2009, visualmente ele é muito atual.
A trilha sonora também é um espetáculo à parte. Escolhida com cuidado, transmite vida e sensações com intensidade, você sente o mundo daquelas meninas através da música.
Sobre o romance em si: entendo as críticas, mas achei o relacionamento entre os protagonistas fundamental para o que a história queria passar. Ela, uma adolescente de 17 anos, vibrante, impulsiva, cheia de vida e vontade de sentir tudo intensamente. Ele, um professor de 37, solitário e com um diagnóstico terminal de câncer cerebral, que já havia desistido de viver. A dinâmica entre os dois é justamente o que faz a trama funcionar. Ela o lembra de como é bom estar vivo. Não há qualquer traço de malícia no que existe entre eles — é algo puro, sincero, contrastando com os relacionamentos tóxicos e abusivos com os quais ela estava acostumada enquanto se prostituía. Ver ele se apaixonando novamente pela vida, à medida que se aproxima dela, foi tocante.
E que atuação! O personagem dele é doce, contido, um homem estranho ao mundo e com péssimas habilidades sociais, enquanto ela é popular, extrovertida, cheia de carisma. A diferença entre eles, tanto de idade quanto de energia, é o que faz com que os dois se completem. A maneira como o filme abordou a doença dele me emocionou demais, chorei tudo que dava pra chorar. A forma como ele lida com o medo, a morte, a esperança… tudo foi retratado com tanta sensibilidade que me tocou profundamente.
O final me pareceu muito satisfatório e coerente com o tom do filme. Não é o típico romance proibido que apela para a polêmica pela polêmica. My Rainy Days é, acima de tudo, um drama sensível sobre dor, redenção e renascimento. Com todos os seus tropeços, ainda assim me deixou com o coração cheio. Se não fosse pelos problemas que citei, teria facilmente recebido uma nota ainda mais alta.
Recomendo, especialmente para quem curte dramas com peso emocional.
Ainda assim, não foi algo que me incomodou, até porque já vi casais com distâncias muito maiores de idade. O curioso é que o filme acabou me conquistando. Achei ótimo, apesar de algumas falhas que impediram uma nota mais alta.
Começando pelos pontos que me incomodaram: quando um filme escala atores medianos em sua totalidade, a gente consegue aceitar melhor a atuação nivelada. O problema é quando se coloca um ator experiente para contracenar com novatos ainda verdes, a disparidade salta aos olhos. E foi exatamente o que aconteceu aqui. O ator que interpreta o professor é um veterano incrível, com presença e sensibilidade de sobra, enquanto o restante do elenco jovem claramente está em início de carreira. Nas cenas em que eles dividem espaço, a diferença de nível fica gritante — não chega a estragar a experiência, mas tira um pouco da imersão.
Outro ponto que pesa negativamente: o roteiro tenta abordar temas demais em pouco tempo. Bullying, suicídio, estupro, aborto, prostituição adolescente, relação proibida, câncer terminal… todos assuntos densos e pesados, que mereciam mais tempo e profundidade para serem tratados com o cuidado necessário. A sensação é que o filme tentou abraçar o mundo e, claro, acabou tratando a maioria dos temas de forma superficial. Tenho certeza que My Rainy Days funcionaria muito melhor no formato de drama.
Também me incomodou a ausência quase total de adultos. Tirando o professor, todos os homens adultos que aparecem são apenas clientes da prostituição adolescente, o que cria uma visão distorcida e incômoda do mundo adulto. E onde estavam os pais dessas meninas? Às vezes parecia que todas moravam sozinhas, completamente emancipadas. Nem na escola vemos qualquer autoridade além dos alunos. Isso tudo contribuiu para uma “adultificação” das adolescentes, muitas vezes retratadas como mulheres independentes, o que cria um tom estranho diante da história que se quer contar.
Mas apesar de tudo isso, eu gostei muito do filme.
A fotografia é linda, tem aquele estilo dramático, típico do cinema japonês, bem trabalhado e esteticamente agradável. Jamais diria que é um filme de 2009, visualmente ele é muito atual.
A trilha sonora também é um espetáculo à parte. Escolhida com cuidado, transmite vida e sensações com intensidade, você sente o mundo daquelas meninas através da música.
Sobre o romance em si: entendo as críticas, mas achei o relacionamento entre os protagonistas fundamental para o que a história queria passar. Ela, uma adolescente de 17 anos, vibrante, impulsiva, cheia de vida e vontade de sentir tudo intensamente. Ele, um professor de 37, solitário e com um diagnóstico terminal de câncer cerebral, que já havia desistido de viver. A dinâmica entre os dois é justamente o que faz a trama funcionar. Ela o lembra de como é bom estar vivo. Não há qualquer traço de malícia no que existe entre eles — é algo puro, sincero, contrastando com os relacionamentos tóxicos e abusivos com os quais ela estava acostumada enquanto se prostituía. Ver ele se apaixonando novamente pela vida, à medida que se aproxima dela, foi tocante.
E que atuação! O personagem dele é doce, contido, um homem estranho ao mundo e com péssimas habilidades sociais, enquanto ela é popular, extrovertida, cheia de carisma. A diferença entre eles, tanto de idade quanto de energia, é o que faz com que os dois se completem. A maneira como o filme abordou a doença dele me emocionou demais, chorei tudo que dava pra chorar. A forma como ele lida com o medo, a morte, a esperança… tudo foi retratado com tanta sensibilidade que me tocou profundamente.
O final me pareceu muito satisfatório e coerente com o tom do filme. Não é o típico romance proibido que apela para a polêmica pela polêmica. My Rainy Days é, acima de tudo, um drama sensível sobre dor, redenção e renascimento. Com todos os seus tropeços, ainda assim me deixou com o coração cheio. Se não fosse pelos problemas que citei, teria facilmente recebido uma nota ainda mais alta.
Recomendo, especialmente para quem curte dramas com peso emocional.
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