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Como é bom voltar pra casa
Com Welcome To Samdalri, aprendi duas coisas: a primeira é que não se deve acompanhar K-dramas em lançamento semanal, pois os episódios só são lançados a cada uma semana e a gente fica numa agonia tremenda, esperando para assistir! O segundo, eu conto depois…O drama acompanha a vida de Cho Sam-dal, uma fotógrafa de moda que após um escândalo que arruína sua carreira, retorna à Samdalri, sua cidade natal. Seu retorno marca o início de um processo de autodescoberta e reconciliação com seu passado. Lá, Sam-dal (re)encontra Cho Yong-pil, um meteorologista dedicado que, após uma tragédia envolvendo sua mãe no mar, se compromete a proteger os idosos da cidade. Sua teimosia e paixão por seu trabalho o tornam uma figura respeitada, mas também um tanto solitária. Yong-pil também é ex namorado de Sam-dal, e a volta dela é o ponto de partida para uma história de reconciliação — com ele, com a cidadezinha e, principalmente, com ela mesma.
No começo, Sam-dal parece distante e meio arrogante para mim — como alguém que “subiu na vida” e esqueceu de onde veio. Mas a narrativa se encarrega de desconstruir essa ideia com muita sutileza: a vida na cidade grande cobra demais, e para Sam-dal, essa cobrança a tornou ríspida e dura. Tudo nela é reação à solidão, à pressão, ao medo de cair depois de ter subido tanto e tão difícil.
Yong-pil, inclusive, vê tudo isso nela desde o início. Ele a confronta, pois ela nega tudo o que aconteceu com ela antes de voltar para a cidade, mas também cuida dela. Ele sabe que o mundo não foi justo com ela, mas não a trata como uma vítima frágil — ele a trata como alguém forte, mas machucada. E o desenrolar dessa relação deles juntamente com a tratativa dos dilemas pessoais e o crescimento de Sam-dal deixam a história mais incrível a cada episódio. Ela é uma personagem feminina marcante e seu amadurecimento na história, também!
A relação com Yong-pil é muito preciosa. Ele já é precioso por si só: sempre prestativo, amoroso, cuidadoso, valoriza a comunidade local, cuida da cidade e das pessoas… e eles têm um passado. Não é só uma história de amor, mas uma ligação daquelas que se formam quando duas pessoas crescem juntas e aprendem a amar antes mesmo de entender o que é o amor. Por isso, a separação deles dói — tanto neles como doeu em mim, mas o amor deles se reconstrói como calma, presença e sem pressa.
Outros personagens da trama também são essenciais: os amigos são elementos importantes na vida de Sam-dal e as irmãs são o porto seguro dela. Gosto tanto da irmã mais nova de Sam-dal, uma mãe solo forte e resiliente, e como são fofas as cenas com sua filha e o desenvolvimento de uma nova relação com o pesquisador de golfinhos! A irmã mais velha, por sua vez, é a que menos me encantou, mas reconheço que ambas trazem camadas preciosas pra história, reforçando como os laços familiares são essenciais. Os pais das irmãs são personagens incríveis também! A mãe é uma que, no início, parece apenas submissa ou conciliadora. Mas aos poucos vamos percebendo o peso que ela carrega em silêncio.
O drama todo é recheado de pequenas cenas que não são sobre reviravoltas dramáticas, mas sobre **pessoas reais, com dores reais, tentando encontrar um caminho para o afeto em meio às perdas. A segunda coisa que aprendi com Welcome To Samdalri, por fim, foi: é bom demais ter um lar para voltar, quando se precisa descansar, recomeçar e ressignificar as coisas e a vida. Voltar para casa pode não é um retrocesso, mas uma chance de recomeçar com mais maturidade, mais consciência e mais compaixão!
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