
A atuação também é bastante padrão, sem grandes destaques. Nenhum dos personagens se destaca de maneira significativa, o que torna difícil se conectar ou realmente torcer por eles. A própria Kim Bok Joo, apesar de ser uma personagem central, não é suficientemente aprofundada para causar um grande impacto. O elenco, em geral, parece estar apenas cumprindo seu papel, sem grande emoção ou complexidade, o que diminui o potencial da obra.
As piadas, embora presentes, não são eficazes e não conseguem gerar muitas risadas ou sequer arrancar um sorriso genuíno. A famosa "MESSI", que sempre é citada, é um exemplo de uma tentativa de humor que não se sustenta de maneira interessante ou memorável. A comédia parece forçada, não fluindo de forma natural dentro da narrativa.
A história segue a fórmula típica do dorama, com o "garoto bonito" sendo um dos melhores atletas da escola, e claro, ele tem uma ex-namorada "louquinha". Esses clichês são abordados sem grande inovação, e os acontecimentos são facilmente previsíveis. Como resultado, a trama perde força à medida que avança, não trazendo grandes surpresas ou profundidade.
Weightlifting Fairy Kim Bok Joo é um dorama descontraído, sem muitas pretensões, ideal para quem quer algo leve e sem maiores reflexões. Não há grande profundidade nas relações ou nas questões abordadas, mas isso não significa que não tenha seu público. Ele é um exemplo clássico de um dorama “água com açúcar”, fácil de assistir, mas que não acrescenta muito ao gênero.
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A premissa de Black inicialmente parece promissora e interessante, mas ao longo dos episódios, ela se revela aquém das expectativas. O drama se perde em alguns momentos, especialmente nos primeiros episódios, onde a história parece não se levar a sério. A presença dos ceifeiros, seres que observam os humanos por décadas, mas não sabem que as pessoas precisam usar calças, chega a ser ridícula. É como se a obra estivesse tratando o telespectador com desdém, o que, apesar de me fazer rir em certos momentos, não deixa de ser uma escolha narrativa sem noção.A protagonista é, sem dúvida, um dos pontos mais irritantes do drama. Ao invés de agir de forma mais natural, ela força constantemente as situações, o que torna suas ações e as primeiras tramas menos envolventes. No entanto, a partir do episódio 9, a trama começa a ganhar um ritmo mais interessante. O protagonista masculino, que inicialmente é insuportável, especialmente no primeiro episódio com suas reações exageradas ao ver cadáveres, acaba se tornando mais tolerável após os eventos que seguem sua morte e a posse de seu corpo pelo ceifador.
O drama, para mim, deveria ter se mantido mais sombrio e sério, mas há momentos de comédia que, na minha opinião, tornam a obra cansativa em diversos pontos. Em alguns episódios, o tom não parece condizer com o tema central, o que prejudica a experiência, pois a obra parece perder foco entre os momentos de tensão e as tentativas de inserir humor.
Apesar de algumas falhas, como a trama rasa do romance e a falta de maior profundidade nos personagens, a obra tem qualidades. A principal delas é a conexão entre os eventos, algo que, no geral, foi bem estruturado, apesar de algumas soluções previsíveis. O fato de tudo ser orquestrado por uma única pessoa, com motivações aparentemente aleatórias, faz com que a história, no fundo, se torne um pouco forçada. A sugestão de que a protagonista é metade ceifadora e metade humana, explicando sua habilidade de ver a morte das pessoas, é uma teoria plausível, assim como a ideia do ceifador ser capaz de ver o futuro das mortes.
A fotografia do drama também é um ponto positivo, com cenas bem produzidas e que ajudam a criar uma atmosfera envolvente. Os últimos 30 minutos do drama, de fato, são de grande impacto e oferecem uma conclusão satisfatória, embora a resolução de alguns aspectos do enredo, como o destino do deus do mundo, permaneça em aberto, o que pode frustrar alguns espectadores.
Black é um bom drama, mas se você não for fã de enredos que misturam investigação, crimes e o sobrenatural, pode achar a trama arrastada e, em alguns momentos, monótona. O romance, por sua vez, é raso e carece de intensidade, o que prejudica o envolvimento emocional do telespectador. Para quem está mais acostumado com esse tipo de enredo, pode ser mais cativante, mas, para mim, foi uma experiência um pouco aquém do esperado.
Em conclusão, Black tem qualidades interessantes, como a conexão dos eventos e a fotografia, mas peca em momentos cruciais pela falta de profundidade e pela inconsistência tonal. A obra tem um bom potencial, mas se perde ao tentar equilibrar comédia e drama, e a falta de explicações mais claras para alguns aspectos do universo do drama acaba deixando questões em aberto. Para quem gosta do gênero, pode ser uma boa pedida.
No fim, nunca explicaram o deus desse mundo, mas enfim... é isto.
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Agora, os problemas. E eles não são poucos. O primeiro grande incômodo é a quantidade de furos de roteiro. A história se apoia em conveniências absurdas e em resoluções que simplesmente não fazem sentido dentro da própria lógica da trama. Isso fica ainda mais evidente na morte forçada e sem propósito da protagonista, um dos momentos mais mal trabalhados do dorama. A cena, que deveria ser emocionalmente impactante, acaba sendo apenas frustrante, pois parece acontecer apenas por necessidade de drama barato e não como uma consequência natural da história.
Outro grande problema é a atuação medíocre de Lee Dong Wook como o Ceifador (Grim Reaper). O personagem tinha bastante potencial, mas seu desenvolvimento é praticamente nulo, sua personalidade é rasa e sua presença na trama acaba sendo bem menos significativa do que poderia. Sinceramente, não entendo o motivo de tanta idolatria em torno dele, já que sua performance não acrescenta nada de realmente memorável à obra.
No final, Goblin é um dorama que impressiona visualmente, mas falha em entregar uma narrativa coesa e emocionalmente envolvente. Sua estética grandiosa e trilha sonora impecável não são suficientes para sustentar um roteiro cheio de inconsistências e personagens mal desenvolvidos. É o típico caso de uma obra que tinha tudo para ser excelente, mas se perde em escolhas questionáveis e no excesso de melodrama sem profundidade.
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A premissa do drama já não é algo genial, e como eu suspeitava, eles ainda conseguem errar fazendo o simples.A história começa com o príncipe da corte do reino de Yuan emboscando a rainha do reino de "Goryeo", que é ferida fatalmente. Ninguém no reino tem a capacidade de salvá-la, então, sob ordens do Rei, o general é enviado até os "céus" para trazer uma médica, pois só as pessoas de lá têm a habilidade de cura necessária. A ideia central até parece interessante, com esse entrelaçamento entre o mundano e o sobrenatural, mas a execução falha em diversos aspectos.
Sinceramente, à primeira vista, poderia parecer algo espetacular e promissor, mas, na realidade, é uma grande bagunça. A trama se perde em seus próprios recursos e não consegue manter a coesão de uma narrativa envolvente.
Os personagens são um dos pontos mais fracos da obra. Com exceção do general, que é o único que possui um desenvolvimento mínimo (sabemos um pouco sobre suas frustrações, seu passado e o motivo de suas ações), os outros personagens não são bem explorados. O Rei, que apresenta uma pequena mudança ao passar a querer se libertar das garras do príncipe da corte de Yuan, e Ki Cheol, o príncipe, são pouco desenvolvidos. O que é mais frustrante é que os personagens secundários aparecem apenas como ferramentas do roteiro, sem qualquer profundidade, e são descartados à medida que a história avança. Não há interesse no que acontece com eles, pois não foi investido tempo em criar uma ligação mais forte com o espectador.
Em relação à trilha sonora, ela é mediana: não se destaca, mas também não compromete. Não é uma música que vai ficar na memória, mas também não é algo que prejudique a experiência do espectador. No entanto, o grande erro é que, mesmo sem grandes falhas musicais, ela não contribui efetivamente para a imersão no drama.
A ambientação é outro ponto que compromete a obra. Não sei se foi uma escolha intencional ou uma falha técnica, mas a ideia de "antigo" se perde em efeitos medíocres e cenários que são, no mínimo, decepcionantes. A transição entre as cenas também é um grande erro, especialmente quando se foca constantemente no mesmo ângulo para mostrar o castelo, o que transmite uma falta de criatividade no uso do cenário. O problema não é só a repetição, mas a falta de imaginação na hora de criar uma sensação de grandiosidade e misticismo.
Além disso, o maldito portal, que é um dos maiores elementos que move a trama, simplesmente aparece sem qualquer explicação. Ele é jogado na história como um artifício para avançar a narrativa, mas sem aprofundamento sobre sua origem ou seu propósito. Os personagens com poderes também são introduzidos sem qualquer contextualização ou justificativa plausível. A separação dos poderes e a forma como eles interagem entre si nunca é explicada, o que deixa o espectador com muitas perguntas e sem respostas.
Apesar de todos esses problemas, existem algumas poucas coisas que funcionam no drama. O personagem do general, por exemplo, é razoavelmente cativante, e a interação entre ele e a médica é um dos poucos aspectos que trazem algo mais genuíno à obra. O enredo tem potencial, mas não é bem aproveitado.
O final, apesar de ser feliz, não apaga os erros cometidos ao longo da trama. Ele oferece uma resolução, mas não é suficiente para corrigir todos os furos e a falta de desenvolvimento que permeiam toda a obra. O drama, no fim, acaba se mostrando uma grande oportunidade perdida, uma história com uma premissa interessante que se perde pela falta de coesão e profundidade.
Em resumo, "Faith" é um drama que poderia ter sido muito mais do que foi, mas falha em quase todos os aspectos essenciais para criar uma obra realmente envolvente. Não justifica seu tempo de exibição, especialmente com tantos elementos mal explorados e pontos que ficam soltos sem nenhuma explicação convincente.
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A Calm Sea and Beautiful Days with You
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Foi então que decidi assistir Nami Uraraka ni, Meoto Biyori (2025), e acabou sendo uma boa escolha. É uma história aparentemente simples, com toques de humor e tristeza, que acompanha a vida de um casal recém-casado e completamente inexperiente. A princípio, parece apenas um retrato cotidiano de dois jovens tentando construir uma vida a dois, mas à medida que a narrativa avança, torna-se uma jornada sensível de amadurecimento e conexão afetiva.
Mesmo com sua leveza, o Dorama carrega uma melancolia silenciosa. Sabemos, com o olhar de quem conhece a história, que alguns anos depois o Japão entraria na Segunda Guerra Mundial, e tanto o exército, a aeronáutica quanto, principalmente, a marinha, onde Takimasa serve, seriam praticamente dizimados. Ou seja, as chances de ele ou mesmo de Ryunosuke terem sobrevivido são quase nulas. Essa camada de tragédia histórica, ainda que não dita explicitamente, paira sobre toda a narrativa como uma sombra sutil, tornando o final bem doloroso.
A série também retrata com bastante sensibilidade o sofrimento silencioso das mulheres que ficam. A solidão de ser esposa de um marinheiro, os pesadelos constantes, a espera angustiante pela trágica notícia que pode chegar a qualquer momento pelo rádio. Cada momento vivido pode ser o último - a última conversa, o último abraço, o último beijo. É justamente na simplicidade desses momentos cotidianos que a série encontra sua força: valoriza o efêmero, o pequeno, aquilo que será perdido sem alarde.
As personagens femininas são adoráveis, tanto pela sua doçura ou carisma ou por representarem com muita dignidade a resiliência diante da incerteza e da dor. Elas sustentam emocionalmente a história com profundidade e delicadeza.
No fim, Nami Uraraka ni, Meoto Biyori é mais do que um drama sobre um casal jovem — é uma lembrança de como os afetos são moldados pelo tempo em que vivemos e de como até as histórias mais simples podem carregar um peso histórico imenso, desde que contadas com verdade e sensibilidade, coisa que Welcome to Samdal-ri definitivamente não foi.
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A série também faz uso da Arte da Guerra, aplicando suas estratégias tanto no campo militar quanto no político, o que dá um tom mais realista e interessante às intrigas da trama.
A história começa com uma pequena escrava e sua mãe, que são levadas para Yuan como concubinas. Durante a jornada, um príncipe, ao ver como elas são tratadas, decide libertá-las. A mãe de Nyang acaba sacrificando sua vida para protegê-la, o que dá início a uma jornada de vingança contra os responsáveis pela destruição de sua família e do seu povo.
O enredo se passa no momento em que Goryeo está submisso ao Império de Yuan, tendo que enviar tributos humanos. A série nos mostra logo de cara que o verdadeiro poder de Yuan não está no Imperador, mas sim nas mãos de El Temur, o regente, que se torna o maior responsável pelos conflitos enfrentados pelos três protagonistas. A trama é movida por conspirações, traições e uma busca implacável por poder, com Nyang se tornando uma das figuras centrais.
O início é, sem dúvida, o ponto mais forte do drama. A forma como o enredo prende o espectador, com os conflitos sendo bem resolvidos, e como os personagens lidam com suas frustrações e ambições, é muito bem trabalhada. As traições e manipulações geram um ambiente tenso e envolvente, fazendo o telespectador querer saber o que vem a seguir.
Após esse início, o drama introduz uma narrativa dupla: uma que ocorre no palácio de Yuan, com Nyang, e outra na fronteira de Yuan, com Wang Yoo enfrentando os turcos. Essa alternância entre batalhas e estratégias políticas mantém o ritmo da história interessante e dinâmico.
Porém, depois que esse arco se resolve, a série volta a focar apenas no palácio, e aqui o drama começa a mostrar suas falhas. Embora o drama continue a ter algumas reviravoltas, o ritmo começa a cair, com certos arcos ficando cansativos. A tensão e a empolgação que antes eram predominantes começam a se perder, tornando o desenvolvimento mais monótono. Isso foi especialmente perceptível após a união dos "mocinhos" para derrotar El Temur, quando a história se estende ainda mais e entra em um ciclo de disputas internas, como se nada tivesse sido aprendido com as traições anteriores. Essa repetição de trama, com Bayan assumindo um papel semelhante ao de El Temur, foi desnecessária e diluiu o impacto da história.
Os personagens são bem construídos, especialmente Nyang, que evolui consideravelmente, indo de uma simples escrava a uma mulher de grande poder. O Imperador também tem uma evolução interessante, passando de um personagem inseguro para alguém mais firme, tudo devido à influência de Nyang. Essa transformação deles é um dos maiores méritos da série.
Quanto ao triângulo amoroso, ele traz uma dinâmica interessante. Wang Yoo representa Goryeo, e o Imperador, Yuan. A medida que Nyang se aproxima de um, se afasta do outro. Quando ela se torna concubina do Imperador, não é por amor, mas por vingança, o que é um ponto crucial na personagem. Em alguns momentos, fica claro que Nyang não tem amor genuíno pelo Imperador, mas sim um afeto mais pragmático. Ela o usa como meio para alcançar seus objetivos. Ao mesmo tempo, o amor que ela sente por Wang Yoo, que representa o ideal de Goryeo, é mais verdadeiro, mas também está preso a ambições e sentimentos de lealdade. O dilema de Nyang em relação a seus próprios sentimentos e suas ambições torna a personagem muito mais complexa e, às vezes, difícil de simpatizar.
Embora a série apresente um bom retrato de fatos históricos, retratando a vida de Imperatriz Ki, uma das figuras centrais do Império Yuan, ela também se perde em excessos. A obra tenta ser grandiosa em sua narrativa, mas às vezes se enrola em arcos desnecessários e repetitivos. O drama poderia ter sido encerrado de forma mais eficiente entre os episódios 38 e 39, quando a maioria dos vilões foi derrotada. No entanto, o roteiro estende a trama por mais episódios, trazendo novas batalhas e intrigas que, embora rápidas, acabam sendo repetitivas e um pouco cansativas.
Em conclusão, "Empress Ki" é um ótimo drama no geral, cheio de intrigas e personagens interessantes, mas não escapa das armadilhas de estender demais a trama e cair em repetição. Apesar de suas falhas, como os arcos desnecessários e o ritmo inconsistente, ele ainda consegue manter o interesse do espectador, especialmente por suas estratégias políticas, lutas pelo poder e pela maneira como os personagens se desenvolvem. A história da ascensão de Nyang e a evolução de outros personagens são bastante satisfatórias, mas o excesso de conflitos internos no final prejudica um pouco a obra. Para quem gosta de dramas históricos com um toque de intriga política, "Empress Ki" é uma boa escolha, mas não está longe de ser uma experiência mais satisfatória se tivesse sido mais enxuta.
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Os dois protagonistas são o ponto central da história, e suas trajetórias estão repletas de cicatrizes do passado e arrependimentos. A busca por uma nova chance, por cura e superação, é a força motriz que move a trama. Gang-Doo, em particular, é o personagem mais marcado pelo sofrimento, e sua evolução ao longo da série é notável. Mesmo diante da dor, ele é alguém que, ao longo da trama, percebe o quanto é amado pelas pessoas ao seu redor, o que reforça o tema central do drama: a capacidade de se reerguer, mesmo diante das maiores adversidades.
A premissa do dorama gira em torno de um desabamento em um shopping que deixou 48 vítimas 10 anos antes. Dez anos depois, alguns dos sobreviventes se reencontram. Alguns conseguiram seguir em frente, outros não. Essa ideia de superação é o coração da história, transmitindo uma lição valiosa sobre como continuar a viver, ser feliz e encontrar esperança mesmo após grandes tragédias. O drama, portanto, trata da forma como lidamos com perdas e como honramos aqueles que não sobreviveram, seguindo em frente com coragem.
A trilha sonora é muito boa, com uma escolha musical que combina bem com o clima melancólico e sombrio da história. O sofrimento dos personagens, por mais que, em alguns momentos, tenha soado um pouco forçado, consegue realmente tocar o telespectador. O ambiente da série reflete as emoções e o tormento de cada um deles, e a direção transmite isso de forma eficaz, criando uma atmosfera de aflição e tensão.
No entanto, há pontos que poderiam ter sido melhor explorados. Um deles é o motivo do desabamento do shopping. A trama não apresenta uma explicação clara para esse evento, e essa falta de resolução deixa uma lacuna importante na narrativa. Outro aspecto que senti falta foi da relação de Gang-Doo com a Vovó e com Ma-ri. A conexão entre eles parecia um tanto superficial e poderia ter sido mais profunda e emocionalmente impactante, especialmente considerando o que a Vovó fez pela história. A forma como isso foi desenvolvido não fez jus ao peso da ação dela. Também senti que o encerramento do memorial, que foi trabalhado ao longo da série, acabou sendo deixado de lado no final. Esse detalhe, que poderia ter trazido um fechamento importante à trama, foi negligenciado.
Por fim, o maior exemplo de conveniência de roteiro é a sobrevivência de Gang-Doo. Apesar de ser uma escolha que pode ser vista como forçada para garantir um final mais otimista, eu, pessoalmente, gostei dessa decisão. Gang-Doo passou por tantas provações ao longo do drama que, de certa forma, ele merecia um final que não fosse marcado pela tragédia. Esse toque de esperança, apesar de ser uma conveniência narrativa, trouxe uma sensação de justiça ao seu sofrimento.
Just Between Lovers, é um drama envolvente, que emociona pela sua abordagem sobre perda, sofrimento e superação. No entanto, ele deixa a desejar em alguns pontos, como na falta de explicações para eventos-chave, no desenvolvimento superficial de certas relações e no descuido com aspectos que foram bem trabalhados, como o memorial. Apesar disso, o dorama entrega uma mensagem valiosa sobre a capacidade humana de seguir em frente, tornando-o uma obra que, embora não perfeita, é bastante cativante e tocante.
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“O lugar onde a Estrela da Manhã repousa”.
"Você conhece Hefesto, o deus grego dos ferreiros, metais e fins? Ele era rejeitado pelos deuses e passava seu tempo na oficina. Mas seu grande amor era Vênus, o planeta que também é chamado de Estrela da Manhã. Eu passei tanto tempo nesse lugar pensando em você. Então decidi chamar esse lugar de 'Onde a Estrela da Manhã repousa'. Porque você sempre esteve na minha mente nesse espaço onde eu passo a maior parte do tempo."Flower of Evil aposta em reviravoltas progressivas e numa estrutura de suspense sustentada por revelações graduais. O mérito do dorama está na forma como equilibra tensão e emoção: o protagonista não é apenas um possível assassino, mas também uma vítima da negligência social e do estigma, alguém que tenta desesperadamente reescrever seu destino, ainda que não possa apagar seu passado. A ambiguidade moral é constante, com o roteiro tensionando entre a empatia e o julgamento.
Lee Joon Gi entrega uma performance contida e poderosa, sustentando o papel de um homem dividido entre a máscara que construiu e a verdadeira natureza de seus sentimentos. Moon Chae Won, por sua vez, representa a perspectiva do confronto com a verdade, seu arco é menos sobre a investigação criminal e mais sobre o reconhecimento do outro na dor, na dúvida, no amor que resiste à quebra da confiança. Os vilões reforçam o tema central da narrativa: ninguém é inteiramente definido por sua origem, mas sim pelas escolhas que faz diante dela. Os antagonistas não apenas tensionam a trama, mas aprofundam o dilema moral do protagonista. Sua presença constante mantém viva a questão que o dorama levanta do começo ao fim: é possível escapar da escuridão quando ela foi o seu berço?
A direção valoriza os close-ups, as tomadas mais lentas e os silêncios, dando peso dramático às emoções contidas. A trilha sonora pontua bem os momentos de maior tensão, embora em certos pontos tenda ao melodrama excessivo. O ritmo é eficiente, mas o dorama poderia ter sido mais conciso: alguns episódios exploram conflitos já estabelecidos, com variações mínimas que estendem muito drama.
Flower of Evil é uma história sobre redenção e reconstrução da identidade. Questiona se é possível recomeçar quando a sociedade insiste em reduzir o indivíduo ao seu passado. Propõe que o amor verdadeiro só existe quando somos capazes de olhar para o outro com todos os seus monstros e ainda assim escolher ficar. No geral é um Dorama envolvente, bem atuado e emocionalmente intenso. Apesar de algumas repetições e de um sentimentalismo pontual, sua força está na capacidade de transformar um thriller criminal em uma meditação sobre amor, culpa e a possibilidade de cura. Uma história que, no fundo, fala sobre o medo de não sermos amados por quem realmente somos e sobre a coragem de amar mesmo assim.
PS. Curiosidade interessante é que pelo menos dois cenários nesse drama também são cenários do Dorama The Smile Has Left Your Eyes: a delegacia e onde a irmã do protagonista mora
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"Um dia de tarde eu perdi uma coisa e comecei minha jornada. Eu andei, andei e andei novo, até que esbarrei nela de novo e de novo. Então conheci a Jin Kang e comecei a respirar de novo."The Smile Has Left Your Eyes é um melodrama sombrio e psicológico, adaptado do original japonês Sora Kara Furu Ichioku no Hoshi (2002), o dorama é uma reconstrução marcada por tensão emocional, segredos do passado e uma atmosfera constante de inquietação. O dorama entrega uma história completamente fascinante sobre culpa, identidade e amor condenado, conduzida por personagens que orbitam entre o desejo de redenção e a impossibilidade do perdão.
A narrativa gira em torno de Kim Moo Young, um homem envolto em ambiguidade, ora sedutor e enigmático, ora brutalmente insensível, que atrai, de forma quase involuntária, tanto o fascínio quanto o medo. Sua relação com Yoo Jin Kang evolui a partir de uma tensão emocional latente, conduzida com sutileza e crescente densidade dramática. Em paralelo, o irmão de Jin Kang, o detetive Jin Gook, representa o elo com o passado traumático e com uma moralidade em constante fricção.
O ponto mais alto do dorama está justamente na ambiguidade emocional que ele sustenta: Moo Young é construído como uma figura trágica, cuja violência não nasce de perversidade, mas de abandono e cicatrizes psíquicas profundas. Seu passado fragmentado torna-se o motor de uma narrativa que, embora flerte com o romance, não o idealiza. O amor entre os protagonistas é dilacerado pela descoberta, pelo peso dos segredos e por um destino que já nasceu comprometido.
Visualmente, a direção opta por uma paleta fria, apagada, que reforça a atmosfera melancólico da história. O uso do silêncio, dos olhares e da música minimalista cria uma atmosfera densa, quase sufocante, onde as palavras importam menos que os subtextos. A estética serve à narrativa, nada é excessivo, tudo é contido, dolorosamente insinuado.
O final, brutal e seco, não busca consolo: é coerente com o que foi construído. Não há justiça plena, tampouco redenção total. Há apenas a constatação de que alguns destinos já estavam marcados, e que o amor, por mais verdadeiro que seja, não pode apagar os vestígios da dor.
No geral, The Smile Has Left Your Eyes é uma obra sobre o que nos corrompe e sobre como o amor, quando nasce em meio à ruína, é tão redentor quanto destrutivo. É um dorama que exige envolvimento emocional, entrega ao desconforto e paciência com as zonas cinzentas da narrativa. Não há heróis nem vilões absolutos, apenas seres humanos arrastando suas falhas, em busca de algo que já perderam.
PS: Me apaixonei pela Yoo Jin Kang.
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"She died for a cause. She was his cause."
"A world where everyone can read - have you ever imagined that? Letters are weapons, more frightening than swords, spears, or fire. The reason nobles are nobles is not because they were born into noble families, nor because of bloodlines, but because they know how to write. That is the power of the nobility and the foundation of our authority. But with these letters, if everyone can read and write, the social system of Joseon will collapse. The world will fall into chaos, and the nobles - the very roots of Joseon - will crumble."I believe that, alongside Misaeng: Incomplete Life (2014) - which feels more like a documentary on the hostile corporate life in Korea than a traditional drama - Tree With Deep Roots (2011) is one of the most unconventional dramas I’ve ever watched. It deals with the importance of literacy for a people, both as a tool of empowerment and as a threat to the established order. The quote above perfectly encapsulates the series’ central idea.
The themes explored are profoundly engaging and well-developed. The characters, their inner conflicts and dualities, along with the philosophical discussions about Confucianism, the aristocracy, and the common people, are among the show's greatest strengths. Overall, it’s a great drama thanks to the depth of its themes and the boldness of its discourse. In the action department, it stumbles at times - which is understandable - but that doesn’t diminish the strength of the work.
However, the point that truly moved me - and bothered me - was the relationship between Ddol Bok and So Yi / Dam. And honestly, I believe a single sentence is enough to sum up everything I feel about them:
"She died for a cause. She was his cause."
Texto em português:
"Um mundo onde todos podem ler, já pensou nisso? Letras são armas, mais assustadoras do que espadas, lanças ou fogo. O motivo dos nobres serem nobres não é porque nasceram em famílias nobres, nem por causa da linhagem sanguínea, mas porque sabem escrever. Esse é o poder dos nobres e a base da nossa autoridade. Mas com essas letras, se todos puderem ler e escrever, o sistema social de Joseon se destruirá. O mundo será mergulhado em caos, e os nobres - a raiz de Joseon - irão ruir."
Acredito que, ao lado de Misaeng: Incomplete Life (2014) - que se aproxima mais de um documentário sobre a vida hostil no ambiente corporativo coreano do que de um dorama tradicional - Tree With Deep Roots (2011) foi um dos doramas mais inconvencionais que já consumi. Ele trata da importância da alfabetização para um povo, tanto como ferramenta de poder quanto como ameaça direta ao status quo. E esse trecho acima define com perfeição a ideia central da obra.
Os temas que a série aborda são profundamente interessantes e muito bem desenvolvidos. Os personagens, seus dilemas e conflitos, a dualidade de seus papéis, assim como as discussões filosóficas em torno do confucionismo, da aristocracia e do povo, são algumas das maiores riquezas da narrativa. No geral, é um ótimo dorama pela temática e pelo debate que propõe, com excelentes sacadas conceituais. No campo da ação, há deslizes em alguns momentos, o que é compreensível e não enfraquece o conjunto da obra.
Mas o ponto que realmente me tocou - e incomodou - foi a relação entre Ddol Bok e So Yi / Dam. E, sinceramente, acredito que uma única frase é suficiente para resumir tudo que penso sobre eles:
"Ela morreu por uma causa. Ela era a causa dele."
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"Aqueles com dinheiro são sempre inocentes. Aqueles sem dinheiro são sempre culpados. Uma lei para os ricos e outra para os pobres."Life on Mars (2018) é um conflito entre duas eras e seus respectivos paradigmas de investigação, moralidade e identidade. A narrativa se estrutura na colisão entre presente e passado - tanto de forma literal, quando um detetive dos anos 2010 acorda nos anos 80, quanto simbólica: razão e instinto, ciência e brutalidade, ordem e caos. Dividida em três pilares - os casos criminais, o mistério sobre o protagonista e a trama central de fundo, o dorama equilibra essas camadas com mais competência na investigação e nas cenas de surrealismo psicológico do que na explicação do fenômeno em si.
A ambientação dos anos 80 vai além dos detalhes visuais, capturando sobretudo a mentalidade da época: autoritarismo policial, preconceito institucionalizado, informalidade nos procedimentos e precariedade tecnológica. O protagonista, Han Tae-joo, é um detetive metódico, racional, que crê na ciência como guia absoluto. Quando é lançado numa realidade em que imperam a dedução empírica e a truculência, precisa questionar até que ponto os métodos frios podem bastar num sistema injusto. Seu arco, portanto, não é apenas de adaptação temporal, mas de reconfiguração moral - aprender que, quando a estrutura social é falha, a justiça às vezes se impõe apesar da lei.
Kang Dong-chul, seu superior, representa o oposto: um policial intuitivo, visceral, mais ação do que reflexão. A tensão entre eles não se cristaliza num clichê de rivalidade, mas se transforma em complementaridade: duas falhas que se completam. É nesse atrito que o dorama encontra força, mostrando que ambos têm limites e virtudes.
O surrealismo que permeia o dorama - sonhos, visões, lapsos de memória e imagens do hospital - funciona mais como reflexo do estado mental do protagonista do que como explicação narrativa. A incerteza sobre se tudo é coma, viagem no tempo ou alucinação nunca é resolvida, o que pode ser visto como reforço da ambiguidade ou como fragilidade estrutural, dependendo da expectativa do espectador.
No cerne, Life on Mars propõe um embate entre moralidade objetiva e a contingência histórica; desigualdade social, brutalidade institucional, falhas do sistema jurídico, conflito entre razão e intuição, além de questionar memória, identidade e realidade. Entre casos densos e atmosfera retrô bem construída, emerge uma crítica social relevante, equilibrando mistério, drama e reflexões existenciais.
Porém, falha ao não oferecer uma conclusão clara sobre o destino do protagonista e peca em pontos como o início arrastado, momentos inverossímeis e a relutância excessiva do MC em aceitar a nova realidade e confiar nos companheiros. No todo, sua força reside principalmente nas tramas investigativas, na ambientação e no retrato precário e da mentalidade da época, mais do que na explicação ou resolução do mistério central.
Em suma, Life on Mars entrega mais como experiência de atmosfera e crítica social do que como narrativa fechada e talvez seja exatamente aí que reside tanto seu mérito quanto sua limitação.
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Eu até gosto e acho bem promissor esse tipo de enredo dramático de um homem sendo acusado injustamente, que passou 16 anos na prisão, tentando reconstruir sua vida e limpar seu nome em meio ao preconceito social pelo seu passado, enquanto se apaixona sem saber pela sobrinha da vítima, uma mulher de classe social superior e filha do irmão da vítima. E, para fechar com chave de ouro, ao longo da história, a tampa do caixão: o protagonista descobre que tem câncer no fígado. Mas, em meio a esse cenário de conflito humano e social, o dorama tenta articular uma jornada de redenção, sofrimento, superação e uma pitada de investigação e fantasia, mas naufraga justamente por não saber lidar com as múltiplas camadas que propõe explorar.A parte mais bem executada é, sem dúvida, o drama pessoal do protagonista. Sua condição de ex-condenado, o estigma que carrega, o desejo por dignidade e por um lugar no mundo após a prisão, o câncer no fígado e a vontade de viver pela sua família e pela mulher que ele ama são elementos que geram empatia real. A relação amorosa com a protagonista, ainda que marcada por diversos conflitos externos, como a resistência do pai dela, irmão da vítima, e as diferenças sociais gritantes, a relação com o amigo/anjo da guarda, com a mãe, o descobrimento de um suposto filho e suas interações, são momentos emocionalmente honestos e até tocantes. No entanto, a narrativa tropeça seriamente em dois eixos centrais: a investigação do crime e a camada sobrenatural que envolve o “anjo” e os “milagres”. A primeira, a trama investigativa que envolve o passado e os relacionados, que deveria ser o motor da reabilitação moral e judicial do protagonista, é tratada de forma descuidada, sem estrutura, sem tensão, com soluções simplistas e inverossímeis. Tudo o que envolve a tentativa de provar sua inocência soa artificial, mal conduzido, sem um real trabalho de desenvolvimento e narrativamente frágil.
Já o elemento fantasioso, centrado no personagem do “anjo da guarda”, é ainda mais problemático. Em vez de expandir o drama para uma dimensão simbólica ou espiritual, a fantasia surge como um artifício gratuito, que interfere na história sem nunca se justificar de maneira lógica ou metafórica. Os “milagres” acontecem, mas não dizem nada. São mecanismos sem peso temático e funcionam como atalhos que, em vez de enriquecer a narrativa, esvaziam sua seriedade e para piorar tudo é um confronto direto e ridículo ao Criador.
O desfecho também contribui para o desgaste. O dorama poderia ao menos se encerrar com um final mais honesto e trágico, abraçando de vez o tom dramático que se propôs. A morte do protagonista, por exemplo, teria sido mais coerente com sua trajetória e poderia ter deixado uma marca emocional real, mas o óbvio acontece. Eu não teria problema se esse elemento fosse bem trabalhado, mas é só uma escolha fácil e sem peso dramático. Em última instância, Padam Padam quer falar sobre fé, amor e redenção, mas entrega uma história desconjuntada, que mistura dor real com misticismo vazio e uma investigação rasa. Sua ambição temática é evidente, mas sua execução revela uma falta de profundidade nos demais elementos que compromete a história como um todo.
Dramas como The Innocent Man e 90 Days of Love são bem superiores. Ambos trabalham com menos camadas, mas exploram essas camadas com consistência e intensidade, e justamente por isso, atingem o que Padam Padam apenas promete.
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Tem forma, tem símbolo, tem significado, mas carece de profundidade e conteúdo.
Nirvana in Fire (2015) é uma obra que se estrutura a partir do trauma, da paciência e da reconstrução ética diante da ruína. A narrativa, marcada por um rigor quase ritualístico, abandona o espetáculo da vingança tradicional para construir uma jornada silenciosa, onde cada gesto carrega um peso moral. Mei Changsu, protagonista dilacerado por dentro, encarna o retorno não triunfante, mas necessário - um agente que corrói o poder por dentro, sem jamais romper abertamente com a ordem.A série organiza-se em três frentes narrativas interligadas: a política imperial e suas disputas sucessórias; o passado do exército de Chiyan e sua aniquilação injusta; e a identidade fragmentada de Lin Shu, reconstruída sob o disfarce de Mei Changsu. Esses núcleos operam como espelhos uns dos outros, refletindo as diversas camadas de um sistema corroído pela ambição, pela falsidade e pela manipulação institucionalizada. Nesse cenário, a corte imperial é retratada como um espaço onde a intriga é a norma e a verdade, um luxo dispensável. Os príncipes inicias que estão no poder e os ministros representam toda forma de vaidade, toda fome insaciável pelo poder pelo simples poder enquanto o povo morre, pro outro lado o sétimo príncipe representa a esperança de um governo justo, representa a lealdade, moralidade e a virtude.
No quesito técnico, a produção impressiona pela estética refinada: a direção de arte é minuciosa, a cinematografia elegante e as atuações contidas, mas expressivas. Há um esforço claro em criar uma atmosfera de contenção, onde os conflitos não explodem, mas se dissolvem lentamente no tempo. A guerra, aqui, é travada por meio de documentos, discursos e alianças - uma tensão que se constrói no silêncio, na pausa, no gesto que sugere mais do que mostra.
Contudo, é justamente nessa contenção que reside parte de sua fragilidade. A narrativa privilegia a racionalidade estratégica em detrimento do drama visceral. O espectador é mantido à distância, acompanhando um jogo político calculado que, apesar de intelectualmente intrigante, carece de pulsação emocional. Os 25 episódios iniciais ilustram bem essa limitação: marcados por excesso de exposição, ritmo frio e personagens descritos mais por suas reputações do que por ações concretas, tornam-se difíceis de engajar. A montagem não gera tensão, e as intrigas, embora constantes, soam abstratas e previsíveis.
Ainda que haja um ganho narrativo na segunda metade - quando a história começa a tocar em aspectos mais íntimos do passado dos personagens, esse desenvolvimento tardio não compensa a fragilidade dramática anterior. O romance, anunciado como pilar emocional da jornada, é negligenciado e conduzido com tamanha frieza que pouco contribui para a densidade da trama. O clímax final, por sua vez, surge deslocado: uma invasão militar súbita, que rompe com a lógica de contenção cuidadosamente estabelecida, soando artificial e desconectada.
A maior decepção, no entanto, reside no tratamento da própria tragédia que impulsiona o protagonista. A série esvazia a potência simbólica da doença de Mei Changsu - utilizada pontualmente como obstáculo, mas sem aprofundamento emocional - e trata a vingança como um jogo de inteligência, ignorando o drama humano que deveria sustentá-la. O que poderia ser uma jornada épica de dor e justiça torna-se, por vezes, um exercício excessivamente cerebral. A morte do protagonista ao fim do dorama reforça essa ética da renúncia: não há glória, apenas sacrifício. A justiça se cumpre, mas ao custo do sujeito. A série encerra-se como começou - silenciosa, grave, distante -, propondo uma reflexão mais ética do que emocional sobre o que significa vencer em um mundo corrompido. Tem seu valor, mas poderia ser marco inesquecível.
PS: Sobre a Consort Jing, uma figura rara, uma mulher de força serena, que em nenhum momento abdica de sua dignidade ou dos valores que carrega, mesmo diante das pressões esmagadoras da corte. Sua postura, sempre firme e justa, transmite uma forma de poder silencioso, porém inabalável. É o tipo de personagem/mulher que desperta a vontade instintiva de proteger, não por fragilidade, mas justamente pela grandeza moral que ela representa.
PS2: Outro elemento digno de nota é a representação da lealdade feminina dentro do dorama. As mulheres, independentemente da moralidade dos homens a quem se afeiçoam ou servem, permanecem fiéis até o fim, mesmo que o fim seja a cova. Em uma época onde vínculos são facilmente descartados por conveniência, essa entrega total, esse sentido de honra e devoção, transmite uma força que muitas vezes falta à sociedade moderna. Essa fidelidade, que nasce não de submissão cega, mas de uma convicção ética enraizada, funciona como um lembrete poderoso do que significa realmente caminhar ao lado de alguém - para o bem ou para o mal.
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Uma poesia sombria sobre o trauma, a justiça e os abismos da psique.
Children of Nobody é um thriller psicológico que utiliza a estrutura de suspense investigativo para explorar, de forma simbólica e poética, as marcas deixadas pelo trauma infantil. A série constrói sua força na densidade emocional da protagonista, uma psicóloga infantil que, confrontada com eventos misteriosos, mergulha numa jornada de desintegração e revelação de memórias reprimidas.A narrativa, fluida e fragmentada, articula-se entre o mistério e o psicodrama, tensionando os limites entre justiça institucional e justiça subjetiva. A obra estrutura-se em torno de três eixos: trauma e identidade, a omissão das instituições diante da violência doméstica, e os dilemas morais da reparação. Os poemas infantis, os símbolos cromáticos e os espaços oníricos ampliam a carga emocional sem recorrer ao sensacionalismo.
Cha Woo-kyung, atravessa o enredo oscilando entre vítima e possível agente de vingança, numa trajetória que levanta questionamentos éticos profundos sobre culpa e redenção. Já o detetive Kang Ji-hun opera como contraponto racional, cuja evolução permite à obra discutir as insuficiências da lei diante de realidades traumáticas. O vilão do Dorama atua como uma espécie de entidade, que julga os abusadores que a justiça não é capaz de julgar, trazendo um questionamento forte sobre o que está de fato correto: o que a lei determina como sendo justiça ou a justiça é amparada puramente pela moralidade sendo justificável fazer justiça quando o estado não pode ir além da lei?!
Apesar de certas limitações, como a previsibilidade de algumas revelações, a falta de desenvolvimento e desfecho de algumas relações iniciais e finais que foram deixados de lado e o uso excessivo do simbolismo nos episódios finais, Children of Nobody é uma obra ousada, que recusa a catarse fácil e oferece, em seu lugar, um retrato sombrio e sensível sobre os destroços da infância e os limites da justiça. No geral é uma obra bem redonda e sem grandes furos, mas também sem grandes emoções.
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Particularmente não sou fã da temática de viagem no tempo, mas Tomorrow with You consegue a proeza de ter um dos roteiros mais mal escritos que já consumi. O protagonista, mesmo com acesso ao futuro, age das piores formas possíveis, desafiando qualquer lógica. Não há construção emocional ou racional que justifique suas decisões. A trama simplesmente não se sustenta.Tudo o que poderia ser explorado de forma inteligente se perde em repetições, diálogos vazios e um texto pessimamente conduzido. Os personagens sabem o que vai acontecer, mas ainda assim tomam exatamente as decisões que culminam nos eventos indesejados, como se não soubessem de nada. O resultado é uma narrativa artificial e arrastada.
Confesso que um único momento me pegou desprevenido, quando Doo-shik comenta que conseguiu salvar sua filha e como, no caso ela tendo um filho, depois descobrimos que foi com o protagonista. Essa foi, de fato, uma boa ideia. Porém, mal aproveitada como o resto da história.
No geral, o dorama até poderia ter sido interessante, caso as decisões dos personagens fossem mais inteligentes. Mesmo que o futuro mudasse, a trama ganharia mais seriedade e talvez o texto acompanhasse essa maturidade. Todavia, não foi o que aconteceu. E o que sobra é só desperdício de potencial.
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